segunda-feira, 8 de novembro de 2010

REFLEXÕES SOBRE O ANTISSEMITISMO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA
ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE
FREUD COMO TEÓRICO DA MODERNIDADE BLOQUEADA


REFLEXÕES SOBRE O ANTISSEMITISMO


Diva Araujo Gonçalves Ximenes


Apesar de repetidamente desacreditado e de ter sua falsificação comprovada, o livro Os Protocolos dos Sábios de Sião se tornou o documento antissemita mais lido em todos os tempos.
Edição 64 – Março

O antissemitismo ou judeufobia, a variante do racismo que foca seu ódio na coletividade judaica nega ao povo judeu o seu direito à liberdade e a independência nacional. Ele possui uma tradição secular com suas raízes na religião, na cultura e no pensamento. Suas manifestações mais violentas já ocorreram - a Inquisição, a expulsão e o Holocausto - onde os nazistas alemães, apoiados pelo governo e seus colaboradores, perseguiram e exterminaram 2/3 dos judeus da Europa entre 1933 e 1945. Os nazistas odiaram e perseguiram especialmente os judeus.
Outra forma de mostrar esse desapreço contra o povo judeu é através da crítica a Israel e negação do direito de ser reconhecido por todos os povos da terra: o direito de autodeterminação. O movimento nacional do povo judeu para ser livre e independente em sua terra se chama sionismo. Ser antissionista é negar ao judeu sua liberdade e independência nacional.
O termo "antissemitismo", com suas conotações biológicas e raciais, foi usado pela primeira vez em 1879. por Wilmer Marr, fundador da famosa Liga Antissemita.
Marr considerava que esse termo antissemitismo era “como uma identidade racial, afirmando que o caráter “inato” dos judeus ou semitas” – da descendência de Sem, um dos três filhos de Noé, registrados no livro bíblico, em Gênesis capítulo 6.9 -10:
“Estas são as gerações de Noé: Noé era varão justo e reto em suas gerações; Noé andava com Deus. Ele gerou três filhos: Sem, Cam e Jafé” –
“era o oposto ao caráter “nobre e puro” dos arianos (Wilmer Marr, ao dizer “arianos”, tinha em mente os teutões e nórdicos, tais como alemães, austríacos, escandinavos, holandeses, ingleses, franceses etc.). Para ele os judeus não podiam deixar de ser o que eram; isto é, homens “inferiores moral e fisicamente”, porque a natureza assim havia predeterminado.
Segundo Freud (O Mal-estar na Civilização, 1930 p.3), algumas pessoas empregam falsos padrões de avaliação, buscando poder, sucesso e riquezas para elas e subestimam tudo aquilo que tem verdadeiramente valor na vida. Para os judeus o relacionamento com Deus, a prática da religiosidade, o cumprimento dos padrões ritualísticos são essenciais em sua vida.
Freud em seu livro O Futuro de Uma Ilusão (1927c), que trata da religião como sendo uma ilusão, enviado para o seu amigo, e que recebeu como resposta que Freud não apreciava “corretamente a verdadeira fonte da religiosidade, fala de uma sensação de “eternidade”, um sentimento de algo ilimitado, sem fronteiras – ‘oceânico”. Para os judeus a religião preenche todas as suas necessidades, tanto emocionais quanto religiosas; ela é o padrão de conduta. Em todas as realizações de sucesso ou de dificuldades eles buscavam a aprovação do seu Deus.
Para Freud (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.10) a religião: “Não traz consigo qualquer garantia de imortalidade pessoal, mas constitui a fonte de energia religiosa”. Ele fala que, um grande número de pessoas, na tentativa de obter a certeza da felicidade e a proteção contra os sofrimentos, faz um “remodelamento delirante da realidade e que as religiões da humanidade devem ser classificadas entre os delírios de massa”.
Olhando para a história do povo judeu, toda a sua trajetória de lutas, sofrimentos, tragédias, vitórias e decadências, registradas no livro sagrado, percebo a “necessidade religiosa a partir do desamparo e do anseio pelo pai, que essa necessidade desperta” ( Freud: Mal-Estar na Civilização - 1930 p. 7).
Segundo Safatle (2010 p.19), no interior do problema do desamparo, há um verdadeiro diagnóstico social ligado a certo desencantamento do mundo.
Esse povo tinha um relacionamento muito íntimo com Deus, como um Pai amoroso que compreende, provê as necessidades dos filhos e responde às suas preces. Mas também, de um Pai que repreende e corrige aos filhos, quando estes o desobedecem. O povo de Israel tinha certeza de que era o povo escolhido por Deus. Independente de qualquer falha que cometeu, dos sofrimentos que viveu a sua confiança no Eterno não se abalou.
Também Deus sempre mostrou o Seu propósito para a vida desse povo e de todos os homens. Freud (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.8) fala que se os homens não tivessem um propósito para suas vidas, ela perderia o seu valor e que só a religião é capaz de resolver a questão desse propósito para a vida humana. Para ele o que decide o propósito é o
“princípio do prazer, que domina o funcionamento do aparelho psíquico desde o início. O que chamamos de felicidade no sentido mais restrito provém da satisfação de necessidades represadas em alto grau (...). A satisfação irrestrita de todas as necessidades apresenta-se-nos como o método mais tentador de conduzir nossas vidas.
Pessoas sem um propósito definido na vida, sozinhas ou reunidas a outros grupos formando uma massa, quando lideradas por outras pessoas agressivas, podem tornar-se extremamente agressivas também. Segundo Freud é “o impulso de agressividade e de ódio que parece pertencer ao instinto autopreservativo” (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.25).
Freud, em seu livro Psicologia das Massas e a Análise do Eu (1994b - p.3), transcreve texto de Le Bon que diz:
“sejam quais forem os indivíduos que compõe, por semelhantes e dessemelhantes que sejam seu modo de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência, o fato de haverem sido transformados num grupo coloca-os na posse de uma espécie de mente coletiva que o faz sentir, pensar e agir de maneira muito diferente daquela pela qual cada membro dele, tomado individualmente, sentiria, pensaria e agiria, caso se encontrasse em estado de isolamento”.
Freud declara (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.2) os dois importantes problemas do desenvolvimento da civilização é o sentimento de culpa e o instinto de destruição (sadismo).
Esse sentimento de culpa (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.30), pode ter originado do complexo edipiano, adquirido quando da morte do pai primevo pelos irmãos reunidos em bando. Essa agressão não foi suprimida, mas executada. Depois de tamanho ódio por esse ato de agressão, veio o amor para aplacar a consciência e o inevitável sentimento de culpa, como preço que pagamos pelo avanço em termos de civilização e a perda da felicidade.
Para Freud (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.34),
“O superego de uma época de civilização tem origem semelhante à do indivíduo. Ele se baseia na impressão deixada atrás de si pelas personalidades de grandes líderes (...). A analogia vai além, como no fato de, essas figuras terem sido escarnecidas e maltratadas, liquidadas de maneira cruel. Do mesmo modo, na verdade, o pai primevo não atingiu a divindade senão pela morte violenta”.
Nas religiões cristãs, esse sentimento de culpa chama-se pecado, que só pode ser lavado pela confissão e pelo sangue de Jesus Cristo, pregado na cruz do calvário, pelos seus amados filhos, como o pai primevo, que encontrou a morte pelos seus filhos também.
Safatle (2010 p.36, 37) escreve que:
“Freud deriva o início da sociedade da idéia de um assassinato. Como vivíamos inicialmente em pequenas comunidades, teria sido comum que cada comunidade fosse dominada por um macho mais forte, que teria o monopólio das mulheres. Tal macho seria o “pai primevo”. Em um dado momento, os irmãos se unem para matar tal figura. Esse sentimento de culpa vem do fato de que o pai era não apenas o responsável pela coerção, mas também objeto do amor e identificação. (...) Freud acaba por nos dizer que os sujeitos modernos agem como quem vê instituições e figuras reconhecidas de autoridade como instauradoras e responsáveis por uma distribuição desigual das possibilidades de satisfação objetiva”.
Segundo Freud (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.34), grande parte das lutas da humanidade centraliza-se em torno da tarefa única de encontrar uma “acomodação conveniente” que traga felicidade. É uma luta individual e uma luta grupal para saber sobre o destino da humanidade. É um conflito constante, se existe alguma forma de se encontrar felicidade e o prazer.
Para ele (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.33), a civilização precisa envidar esforços supremos para estabelecer os limites entre o instinto de vida e o instinto de destruição; esses selvagens impulsos instintivos e agressivos que o homem traz dentro de si e que ainda não foram domados, e manter suas “manifestações sob controle por formações psíquicas reativas”, porque creio ser o “maior impedimento à civilização”.
Sabemos que, para a sociedade ser bem sucedida, ela precisa trabalhar com as pessoas individualmente, para que elas também o sejam. É necessário que a sociedade busque unir os indivíduos isolados, as famílias, e também as raças, povos e nações numa unidade grande, que é a humanidade. “A hostilidade de cada um contra todos e a de todos contra um” (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.33) atrapalham ao desenvolvimento da civilização.
Precisamos aprender com os demais animais que trabalham em cooperação, como as formigas e outros animais, para a realização pessoal e a dos demais pertencentes ao grupo e a sociedade em geral.





Referências:
FREUD, S. Mal-estar na civilização (1930). Edição standard brasileira das obras completas, Rio de Janeiro, Imago Editora, v. XXI, 1994a.
FREUD, S. Psicologia das massas e análise do eu (1921). Edição standard brasileira das obras completas, Rio de Janeiro, Imago Editora, v. XVIII, 1994b.
SAFATLE, V. Freud como teórico da modernidade bloqueada. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2010.
Disponível em: http://www.morasha.com.br/main_hp.asp
Disponível em: http://www.chamada.com.br)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O CLAMOR POR JUSTIÇA À LUZ DO PENSAMENTO SOCIAL FREUDIANO

Inês Hering Pomalis

Na sociedade atual, a justiça humana não contempla as expectativas dos indivíduos, que buscam a justiça divina viabilizando a vinda de Jesus. Este artigo busca fundamentos no que o psicanalista alemão Sigmund Freud identificou como visão de mundo religiosa, por meio das noções de amparo e desamparo, para justificar o clamor por justiça divina e a insatisfação do indivíduo perante a justiça dos homens.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A moderna busca pela felicidade

Este texto traz uma interlocução com a moderna busca pela felicidade entre os sintomas resultantes das relações entre os sujeitos e sociedade e a crescente intoxicação por drogas lícitas e ilícitas. Como alternativas para ligar com a angústia que é viver nesta modernidade bloqueada.
Viviane Nunes Gomes
Para acessar o arquivo clique com o mouse em cima do título " A moderna busca da felicidade" e baixe o arquivo diretamento do 4shared.

A PRIMAZIA DE ATAQUES XENÓFOBOS

Olá pessoal, segue o link para realizar o download do meu trabalho. Basta selecionar e copiar na barra de endereço do seu navegador.

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Abraços!!

Deluzia

Sigmund Freud - ESTUDO SOBRE O INCESTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE

FÁBIO VIEIRA PEREIRA

ESTUDO SOBRE O INCESTO

Trabalho apresentado ao Professor Vladimir Safatle

Orientadora: Profª. Msc. Maria Izabel Devos Martin

Orientador: Profº. Msc. Vitor Cei

"Com o amor, como com a própria vida, é a mesma novela de novo: somente a morte é sem ambigüidade, e a fuga da ambivalência é a tentação de Thânatos." (Zygmunt Bauman)








Sigmund Freud sobre o tabu do incesto, procura abordar as questões sobre a análise da proibição da relação sexual dentro da familiar. A proibição é um fenômeno sócio-cultural de caráter global, Freud tem uma visão que a proibição do incesto está ligada aos aspectos sociais, mas também deparamos com os desejos inconscientes que o próprio sujeito rejeita.

O que Freud afirma (1996) é o tanto de proibições que o individuo está submetido. Muitos fatos são proibidos e sendo a sociedade superior ao sujeito, não sabendo ele por que motivo é proibido. Pelo contrário, submetem-se ás proibições como se fosse coisa natural e estão convencidos de que qualquer violação terá automaticamente a mais severa punição.

Weber analisa as normas e regras sociais como resultados do conjunto de ações individuais, e os agentes escolhem o tempo todo, diferentes formas de conduta. Essa ação tem caráter racional.

Assim para Freud o que caracteriza nossas ações é o inconsciente, os indivíduos possuem uma estrutura psicológica semelhante aos primitivos, desta forma o homem se faz sociedade e constrói o contexto histórico da humanidade.

A sociedade impõe algumas normas aos indivíduos, e esses procuram cumpri-las de muitas formas, coesão e medo. Neste contexto o individuo se prepara para cumprir-las e depara com essas regras que podem ser internas e externas, nessa hipótese os indivíduos passam a integrar regras ao seu sistema interno psicológico individual.

Como diz Max Weber à sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais, que o indivíduo faz orientando-se pela ação de outros. Podendo ser ação carismática, afeto e racional.

A proibição do incesto é absolutamente racional porque nela assenta a ordem da família, e portanto, da sociedade, ação racional com relação a valores devido ao fato de ser determinada pela crença consciente num valor considerado importante e ação racional com relação a fins, determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários.

Citando Safatle (2010, p. 37)

“Freud acaba por nos dizer que os sujeitos modernos agem como quem vê instituições e figuras reconhecidas de autoridade como instauradora e responsável por uma distribuição desigual das possibilidades de satisfação subjetiva.”

O Tabu na sociedade tem como objetivo o controle social, regulando a ética social, criando mecanismos de ordem psíquica, sexual, barreiras controladoras para bloquear os impulsos que condicionam o individuo.

Freud relaciona as proibições impostas a sociedade com os impulsos proibidos, e controlados, as civilizações primitivas se defendem da anomia(ausência de regras), negando os pensamentos e sentimentos criando auto-controles compensadores, e conseqüentemente a renúncia a uma posse ou liberdade entendida para Freud como repressão, que é considerado o objetivo do tabu. Estamos sempre entre a cruz e a espada, a repressão e a rebelião, a lei e o impulso em fim todos querem realizar os desejos reprimidos, mas são proibidos perante a civilização e também não podemos desconsiderar o desejo individuo almejar o poder.

Em Psicologia das Massas e Análise do Eu, Freud analisa as conseqüências dessas políticas para o individuo em conseqüência de uma relação do individuo com uma integração dos processos sociais onde procuram se socializar, sempre considerando o princípio único e soberano de poder.

Na teoria das massas as instituições Igreja e o Exercito são consideradas para Freud instituições onde os indivíduos interiorizam um mesmo pensamento. Na Igreja os irmãos seguem ao pastor e no Exercito os subalternos, visão hierárquica seguem um comando, enfim são seguidores de lideres. Pois a instituição encontra-se funcionalmente integrada na vida grupal, pela origem e pela estrutura. Os grupos estáveis sentem necessidade de controle para promover coesão interna. Estrutura-se a instituição para regular a distribuição de bens sociais – atendimento das necessidades grupais e/ou individuais.





Nas palavras de Freud:

“A massa seria uma reviviscência da horda originária. Da mesma forma que o homem das origens preservou-se virtualmente em cada indivíduo isolado, a horda originaria pode ser novamente produzida a partir de qualquer agregado humano”(FREUD, Massenpschologie und Ichanalse, p137)

O líder é o centro das atenções buscando ordenar as vidas dos indivíduos. Mas ocorrendo uma desagregação social pode levar a massa a reordenar novos lideres. Essa manifestação fortalece o sentido da autoridade. Nessa relação de autoridade é cheia de amor e ódio, mas nessa neurose essa relação pode causar sintomas, inibições e angustias o que não surgem em situações normais.

Desta forma a proibição do incesto é mundial, em todas as sociedades existe alguma norma que proibi o casamento entre pessoas de um determinado grau de parentesco. A proibição do incesto serve para proteger a espécie humana das conseqüências genéticas nefastas do casamento entre parentes próximos.

Seguindo essa idéia, Durkheim afirma que os fatos sociais, são justamente essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade. Esses fatos sociais têm duas características básicas que permitirão sua identificação na realidade: são exteriores e coercitivos.

Exteriores, porque consistem em idéias, normas ou regras de conduta que não são criadas isoladamente pelos indivíduos, mas foram criadas pela coletividade e já existem fora dos indivíduos quando eles nascem. Coercitivos, porque idéias, normas e regras devem ser seguidas pelos membros da sociedade. Se isso não acontece, se alguém desobedece a elas, é punido, de alguma maneira, pelo resto do grupo.

O fato social é quando em determinado momento sentimos os desejos inconscientes como impulsos conscientes. A partir daí podemos considerar um comportamento disfuncional em relação ao grupo onde ocorre. Tal conceito é desprovido de conotações valorativas: as normas dos diferentes grupos constitutivos de uma sociedade mais ampla pode encontrar-se em oposição.

Por exemplo, o comportamento considerado funcional, em conformidade com as normas, num determinado grupo, quando analisado em relação às normas de outro subgrupo ou da sociedade maior, será considerado desviado ou disfuncional. Essas considerações indicam que nem todo desvio é nocivo para os componentes do grupo. A norma, regra é um padrão estabelecido daquilo que deveria existir dentro de uma cultura determinada. As normas podem assumir uma das quatro seguintes formar: valores, costumes, preceitos e leis.

Enfim para compreender o totem tabu de Freud, podemos considerar que realizou um estudo sobre a proibição ao incesto ele analisou a Psicologia dos Povos Primitivos, e também fez uma interligação entre Cultura e Psicanálise. Para Freud as proibições apresentam uma neurose devido ao conflito entre proibição/tendência.

Existe assim uma inibição à tendência que na neurose se processa no inconsciente. E a tendência insatisfeita permanece inconsciente, como desejo oculto insatisfeito. Não pode haver sociedade sem ordem. Nas sociedades primitivas onde se originam os estudos de Freud, não há leis escritas, esses costumes vitais, ou morais, regulam toda a existência humana e dão estabilidade e continuidade à ordem. Através dos tempos e pela continuada repetição se tornam a segunda natureza do indivíduo.

Assim nas sociedades onde existe o elevado grau civilizatório encontramos indivíduos que praticam o incesto, essa quebra de tabu concretiza e caracteriza a teoria Frediana onde os desejos proibidos que estão no inconscientes se tornam impulsos conscientes, se tornam realidade mesmo com o conhecimento da proibição mas sabemos que todos nós que existe na consciência a consciência social - o senso de que o indivíduo pertence ao grupo e lhe deve lealdade e consideração. E a moralidade é cooperação da parte com o todo, e de cada grupo com um grupo maior. Sem isso a civilização se torna impossível.







REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORNO, Theodor & Horkheimer, Max - Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos, R.J., Jorge Zahar ed., 1985.

BOUDON, Raymond. Tratado de Sociologia. R. J. Jorge Zahar ed. 1995

COHEN, C. O incesto um desejo. São Paulo, Casa do Psicólogo, 1993.

FREUD, Sigmund. (1913) Totem e Tabu. In: FREUD, S. Obras psicológicas completas. R. J., Imago, 1980. v. 7.

FREUD, Sigmund. Psicologia das Massas e Análise do Eu. Rio de Janeiro: Ed. Imago, 1977.

GELEFFI, Dante Augusto. Filosofar & Educar. Bahia, Quarteto Editora, Ed. 1. 2003

LAPLANCHE, Jean. Vocabulário de psicanálise/ 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

SAFATLE, Vladimir. Freud como teórico da modernidade bloqueada, Vitória – ES: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2010

http://fundamentosfreud.vilabol.uol.com.br/biografia.html

http://www.suapesquisa.com/biografias/freud.htm

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Autoridade familiar: reflexão e estudo acerca da formação adulta

FÁTIMA DE ALMEIDA LIRA












AUTORIDADE FAMILIAR: REFLEXÃO E ESTUDO ACERCA DA FORMAÇÃO ADULTA








Trabalho apresentado à disciplina “Freud como teórico da modernidade bloqueada”, ministrada pelo profº: Dr, Vladimir Safatle em Setembro de 2010.



















VITÓRIA
2010
I Introdução

O presente trabalho tem por objetivo levantar questões sobre a autoridade paterna utilizando a teoria social freudiana.
Desenvolvimento
Para discutirmos sobre a autoridade paterna, utilizaremos como exemplo a família Garcia, esta é composta por 15 membros dos quais 14 estão sujeitos a autoridade rígida de 1.
Nessa família a autoridade que prevalecia era do pai, a esposa era submissa ao marido a tal ponto que a autoridade da mesma também era transmitida aos filhos, ou seja, os filhos obedeciam sempre, na maioria das vezes por medo e em respeito ao pai. A expressão no olhar dizia tudo, não precisava de palavras, pois já entendiam a mensagem.
Os filhos tiveram uma infância regada de ordens, regras essas que em momento algum poderiam ser contrariadas, por que a palavra final era sempre do chefe da casa.
A mãe no seu papel de submissa, era de certa forma carinhosa com os filhos.
Era a mãe que convivia mais com os filhos, por que o pai por estar sempre trabalhando e colocando o alimento dentro de casa, a comunicação se distanciava, dava as ordens e todos literalmente tinham que cumprir.
Como afirma Freud (1996), o que nos interessa, portanto, é certo o número de proibições ás quais o individuo está sujeito. Tudo é proibido e eles não têm nenhuma idéia por quê e não lhes ocorre levantar a questão. Pelo contrário, submetem-se ás proibições como se fosse coisa natural e estão convencidos de que qualquer violação terá automaticamente a mais severa punição.
Freud (1996, p.40) continua dizendo que “por trás de todas essas proibições parece haver algo como uma teoria de que elas são necessárias porque certas pessoas e coisas estão carregadas de um poder perigoso que pode ser transferido através do contato com elas quase como uma infecção”.
Na adolescência, os costumes eram seguidos com as mesmas normas da infância, o esquema era o mesmo.
Namorar só se fosse para casar, não se prolongava o namoro por muito tempo e sempre tinha alguém por perto na hora de namorar.
No livro Totem e tabu (1996) Freud apresenta seus significados como uma aplicação da psicanálise a “problemas não esclarecido da psicologia dos povos”.
O presente texto mostra Freud afirmando que o pai é sempre aquele que proíbe o incesto, fazendo um paralelo com o estudo de caso, na família Garcia era Inconcebível para o chefe da família tal situação.
Na família Garcia, onde a educação rígida imposta pelo pai marcou a vida e a personalidade dos filhos, onde não se consegue esquecer tais recomendações e repreensões, trouxe consequências que refletem até hoje nas relações sociais.  
No que se refere a relação familiar, no texto Freud como teórico da modernização bloqueada (2010), Vladimir Safatle afirma que a relação à autoridade é sempre investida de alguma força de interesse libidinal, que encontramos isso no nosso comportamento, é um traço que carregamos.
Através da noção de desamparo a qual Freud defende, pode-se entender e trabalhar a diagnóstico social.
Freud diz que o sujeito entra no núcleo familiar buscando uma defesa contra o sofrimento psíquico advindo do sentimento de desamparo.
Para Freud esse desamparo tem o sentido de um afeto que mostra ausência de sentido da existência.
E essa ausência existencial é superada quando esse sujeito se sente amado por figuras de autoridade na família, essas figuras na maioria das vezes são imaginadas como sendo os pais.
Como lembra Safate (2010), para ser reconhecido como sujeito e como objeto de amor no interior da esfera familiar, faz-se necessário que os sujeito se identifique exatamente com aquele que sustenta uma lei repressora em relação às exigências pulsionais. Para ser reconhecido como sujeito, a criança deve abrir mão de certos desejos (como os desejos incestuosos e agressivos) e saber hierarquizar suas pulsões a partir de uma vontade relativamente unitária.
Ela deve aprender a agir como uma autoridade paterna dotada de força de coerção.
Concluindo, hoje pode-se ver na família Garcia, adultos com personalidades diferentes, mas que carregam na vida uma mesma vivência, regada de educação e autoridades rígidas. Estes reproduzem o mesmo comportamento paterno aos seus filhos, outros ao contrário, nem sonham em transmitir para os filhos o legado que sofreu, mas de tudo, quando um dos pais disser alguma coisa ou deu alguma ordem é necessário que seja apoiado pelo seu cônjuge; como no estudo de caso claramente mostrado, se o pai disse uma coisa e a mãe o contrário, então está desmoralizada a autoridade dos pais e a criança acaba fazendo o que quer, aproveitando –se da situação. Pais unidos têm filhos equilibrados e obedientes; pais desunidos têm filhos instáveis e indisciplinados. Como hoje, infelizmente, muitas vezes acontece. Mas fica a pergunta o que Freud diria à luz da psicanálise em relação à família Garcia?
No mundo atual onde o termo autoridade familiar não possui substancial efeito, observa-se que nos tempos remotos, autoridade familiar em especial paterna era sinônimo de respeito extremo, do qual seus reflexos podem ser sentidos na vida social de adultos com dificuldades para relacionamento social. Essa questão está muito desgastada. O tema sofre do uso excessivo e da sua má aplicação. O mau exemplo vem de cima e as bases se rebelam quando são obrigadas a se submeter a códigos de lei e de conduta que as próprias autoridades se incumbem de menosprezar.
Percebemos que até hoje na relação familiar, o pai tem uma influência muito forte sobre os filhos e isso reflete na vida social dos mesmos.


REFERÊNCIAS
FREUD, Sigmund. Totem e tabu. In. Obras psicológicas completas: Edição Standart Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1999. 168p.
SAFATLE, Vladimir. Freud como teórico da modernidade bloqueada. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distãncia, 2010. 52p.

Freud e a Religião na Contemporaneidade

Freud e a Religião na Contemporaneidade




Elisângela Lima Guedes



É de se esperar que o ser humano contemple com os avanços da ciência uma superação das suas necessidades de amparo e proteção, pois segundo (FREUD,1976), o ser humano desde a infância tem a necessidade de proteção, sendo a figura do pai algo relevante no processo de desenvolvimento do individuo, a religião vem como propósito de orientar sobre as questões da vida e nos proteger através da onisciência e onipresença de Deus e a ciência e a tecnologia veio como forma de desvendar os acontecimentos que até uma determinada época não era compreendida pelos homens e não tinha-se a possibilidade de controlar. As figuras do pai expressas na família/religião/estado é proporcionar ao individuo a tão sonhada segurança, mas podemos perceber que elas não são capazes de suprir todas as necessidades do ser humano, pois eles continuam com a sensação de desamparo (SAFATLE, 2010).



Como ressalta Safatle (2010, p.18-19)

“[...] a experiência do desamparo à angustia, cuja fonte encontra-se nos desdobramentos do estado de prematuração do bebê ao nascer (com sua incompletude funcional e sua insuficiência motora). Por nascer e permanecer durante muito tempo na incapacidade de prover suas próprias exigências de satisfação, o bebê estaria sempre ás voltas com uma situação de desamparo que marca seu modo de relação com os pais.”



Ao nascer e durante toda a fase inicial da vida humana temos uma necessidade de sobrevivência e só temos condições de permanecer vivos através do cuidado e proteção do outro e esta situação determina o modo de relação com os pais e/ou responsáveis.



Safatle (2010, p.20), assim se posiciona “[...] tais sujeitos serão socializados no interior da família. Elas entram no núcleo familiar como quem procura principalmente, um modo de defesa contra o sofrimento psíquico advindo do sentimento de desamparo.”



O sentimento de desamparo torna-se uma fonte de busca por proteção, pelo fato do homem não se sentir capaz de quebrar os vínculos do ideal de cumplicidade e solidariedade que permeia as ligações familiares.



Citado por Safatle (2010, p.21) Freud exemplifica essa relação que se encontra no seio familiar e por seguinte é subtraída para exaltação da proteção oriunda da religião das seguintes maneiras:

Primeiro –

“[...] a exploração psicanalítica dos indivíduos ensina de maneira enfática que o deus de cada homem é formado a partir do pai, que a relação pessoal a Deus depende da sua relação ao pai carnal, que ela oscila e se transforma a partir desta última, e que Deus, no fundo, não é outra coisa que um pai elevado.”

Segundo – “Há nas massas humanas uma forte necessidade de uma autoridade que se possa admirar (...) A psicologia do individuo nos ensinou de onde vem tal necessidade das massas. Trata-se da nostalgia do pai.”



Em relação ao papel da religião Freud (1976, p.30), “´[...] as idéias religiosas surgiram da mesma necessidade de que se originaram todas as outras realizações da civilização, ou seja, da necessidade de defesa contra a força esmagadoramente superior da natureza.”



O discurso sobre a relevância da religião vem desde a antiguidade e seguindo nosso contexto histórico a maioria das pessoas situadas no ocidente tem a concepção religiosa judaica cristã que foi internalizada através da Bíblia Sagrada. A Bíblia é dividida em antigo testamento e novo testamento e contem 66 livros que retratam os ensinamentos de Jesus Cristo, antes do seu nascimento e depois, do seu nascimento respectivamente.



Entretanto, após Jesus Cristo e seus profetas (homens inspirados por Deus para pregarem o evangelho), vários indivíduos já se intitularam como profetas e usam a Bíblia para promover uma comoção entre as pessoas e se afirmam como protetores e capazes de salvar qualquer pessoa de seus males e infortúnios, sendo que vários indivíduos independentes da situação socioeconômica se deixam ludibriar por promessas de vida plena e salvação eterna.



O que se observa nessas pessoas é um desejo de proteção e em conjunto a sensação de desamparo que é tão grande que se deixam levar pela ilusão de serem protegidas de qualquer mal, mas também os leva a uma decepção . Como cita Safatle (2010, p.19) “[...] no interior do problema do desamparo, há um verdadeiro diagnóstico social ligado a um certo desencantamento do mundo.”



Essa realidade interfere de maneira direta no mundo em que vivemos. Nossa sociedade é excludente, tem uma política neoliberal que faz com que cada indivíduo tem de ser capaz de suprir as próprias necessidades e se não consegue ter condições de ter uma vida que tem razões para valorizar ele é culpabilizado pela sua inércia e incapacidade e se sente desprotegido, desamparado.



Citando Safatle (2010, p.22)

“No interior da família, os sujeitos podem se defender de tal ausência ao se sentirem amados por figuras de autoridade que precisam aparecer como dotadas da capacidade de, de certa forma, garantir ao sujeito sua posição existencial. Estas figuras são construções fantasmáticas produzidas a partir dos pais.

No entanto, para se saber amado por tais figuras, ou, se quisermos, para ser reconhecido por elas, o sujeito deve agir, desejar e julgar a partir de um quadro de exigências sociais que a autoridade paterna encarna.”



Considerando a necessidade de proteção de uma boa parte das pessoas que vivem na ilusão de terem esse pai que é capaz de protegê-las, elas acabam se condicionado a figura de qualquer pessoa que consegue ter a aparência e o poder desse pai protetor e são capazes de sujeitarem-se a qualquer vontade estabelecida desse cuidador. De acordo com Roudinesco (1998, p. 287)

“As idéias religiosas constituem a realização dos mais antigos anseios da humanidade, antes de mais nada o de nos protegermos da onipotência da natureza, sem termos que suportar as limitações e as privações trazidas pela cultura. (...) A ilusão para se manter, não precisa ser confirmada pelo real. Freud sublima, nesse ponto, que `todas as doutrinas religiosas são ilusões´ e que `é tão impossível refutá-las quanto prová-las´.”



Podemos exemplificar o entendimento de Freud sobre a necessidade de ter um pai protetor e de se submeter integralmente a essa figura através de um caso acontecido recentemente em Ecoporanga – ES na região noroeste do estado a 320 km da capital, no ano de 2007, no distrito rural chamado Córrego do Paraíso:



Inereu Vieira Lopes nascido em Mantena – MG no ano de 1951 se converteu a Igreja Batista e em 1983, mas ao estudar as doutrinas de William Marrion Branham, considerado o precursor do Movimento Pentecostal e Carismático nos Estados Unidos depois da 2º Guerra, que preconizava a cura pela fé, foi um dos maiores líderes Pendencostais da atualidade, criador da Igreja Evangélico Tabernáculo. Ireneu passou naquele momento a acreditar que tinha recebido a convocação espiritual de Branham para exercer o ministério do Tabernáculo, fundando inicialmente a primeira Igreja em Vitória – ES, chamada Igreja Tabernáculo Vitória. Ele acredita ser uns dos profetas como foi Noé e Moisés, então passa a chamar os escolhidos de Deus para fundar uma comunidade Cristã em Ecoporanga – ES, para o povo escolhido vivenciar as bênçãos profetizadas por ele e delo como guia espiritual de forma integral deriam de se abster de todos os bens materiais, doando todo o patrimônio para o próprio pastor Ireneu.



Cerca de aproximadamente 150 famílias doaram todo o patrimônio para a Igreja Tabernáculo Vitória e deixaram parentes e amigos para irem em direção ao “Paraíso” para construírem o Condomínio Recanto das Águias com o intuito de viverem em uma comunidade santa, igualitária e protegidos pelo guia espiritual, discípulo do profeta Branham.



De acordo com relatos os fiéis trabalham durante o dia e a noite, oram e descansam, todos trabalham em prol da construção do condomínio em um terreno de 19 hectares de terra, doado por um casal de fiéis, as mulheres, lavam e cozinham e nenhum dos membros pode ter contato com as pessoas que não fazem parte dessa comunidade, acreditam que devem ser auto-suficientes em tudo e não podem morar ou comer algo que não seja construído e feito por eles, pois eles têm que ter o cuidado de não serem contaminados por pessoas que vivem no mundo. Até as crianças e adolescentes em idade escolar deveriam abandonar as escolas, pois todos deveriam esperar o dia do juízo final em comunhão com aqueles que são capazes de negar os bens materiais.



Segundo Mateus 6:19-20 “Não acumuleis para voz, outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam, mais ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corroem, e onde ladrões não escavam nem roubam.”



Entre depoimentos citados pelo site Astro Saber, uma mãe diz ter visto seu filho, integrante do Tabernáculo Vitória, vestido com uma camisa onde se lia: “Obrigado por cuidar de mim”, com a foto do pastor e a frase: “O anjo do sétimo dia”.



Segundo o livro de Apocalipse 21:3-4

“Então ouvi grande voz vindo do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens, Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles.

E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.”



Quem tem posse da bíblia e o dom da oratória sofista, pode interpretar e pregar o evangelho segundo as próprias conveniências, e levar multidões a escravidão material, intelectual e espiritual. Segundo Freud (1976, p. 34) “Não poucas pessoas encontram sua única consolação nas doutrinas religiosas e só conseguem suportar a vida com o auxílio delas.” Ainda segundo Freud (1976, p. 52) “{...} a religião seria a neurose obsessiva universal da humanidade.”



De acordo com o fato citado da Igreja do Tabernáculo em que a obra entrou em ebulição na capital do Espírito Santo em pleno século XX e teve a capacidade de levar vários fiéis não só do nosso Estado, mas também de Minas Gerais para Ecoporanga, no Distrito do Córrego do Paraíso, podemos perceber como alguns seres humanos são capazes de se iludir, por um desejo de estar a serviço de alguém capaz de prover todas as necessidades e protegê-los de qualquer infortuno.



De acordo com Freud (1976, p. 57)

“[...] os homens são completamente incapazes de passar sem a consolação da ilusão religiosa, que, sem ela, não poderiam suportar as dificuldades da vida e as crueldades da realidade. (...), mas [...] os homens não podem permanecer crianças para sempre, tem de, por fim, sair para vida hostil.”



Citando Safatle (2010, p. 43)

“Isto talvez nos explique porque temos tanta dificuldade em explicar como, no interior de nossas sociedades democráticas liberais, encontramos a recorrência contínua de figuras de autoridade e liderança que parecem se alimentar de fantasias arcaicas de segurança, proteção e de medo (...).”

Essa proteção sempre perpassa pelo viés da figura do pai na família, religião e estado.



Acredito que essas pessoas que se deixaram iludir pelo pastor Irineu, tivessem internalizado na sua infância a auto-estima, fossem mais auto-suficientes e contivessem uma boa formação acadêmica não teriam deixado para traz, amigos, trabalho, bens e familiares por uma ilusão de um “cuidador”. Devemos estar mais atentos aos discursos que nos comovem, para entendermos quais os nossos “pontos fracos”, nossas carências e necessidades de proteção para nos policiarmos diante das decisões que podemos tomar nos percursos da nossa vida.



Reverências:



Almeida, João Ferreira de. Bíblia Sagrada. Traduzida para o Português por João Ferreira de Almeida. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.



Freud, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Tradução de Christiano Monteiro Oiticica. Rio de Janeiro: Imago Editora LTDA, 1976.

______ O mal estar na civilização.

______ O futuro de uma ilusão.



Roudinesco, Elizabethe; Plon, Michel. Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1998.

Safatle,Vladimir. Freud como teórico da modernidade bloqueada. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2010.

Disponível em: http://agazetaonline.globo.com/conteudo/2009/04/73569-pastor+da+tabernaculo+separa+casal+em+nome+de+deus.html. Acesso em 23 de outubro de 2010.

Disponível em: http://gazetaonline.globo.com/conteudo/2009/04/74344+pastor+altera+estatuto+da+tabernaculo+para+construir+empresas.html. Acesso em 23 de outubro de 2010.

Disponível em: http://deolhos.blogspot.com/2010/09/justiça-ordena-seita-tabernaculo.html. Acesso em 23 de outubro de 2010.

Disponível em: http://www.astro.saber.com/2007/10/cobertura-de-fe-igreja-tabernaculo.htmal. Acesso em 23 de outubro de 2010.

Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/willian-marrion-branham. Acesso em 23 de outubro de 2010.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A RELAÇÃO DA FILOSOFIA SOCRÁTICA E O ENSINO EAD

A metodologia de EAD vincula-se com o compromisso do saber e a verdade, ou seja, com o conhecimento embasado em uma filosofia de trabalho em pequenos grupos de discussão, realização das atividades propostas, para crescimento linear de todos.


http://www.4shared.com/document/3tjB_bvA/_2__A_RELAO_DA_FILOSOFIA_SOCRT.html

Emancipação Intelectual


Na aprendizagem emancipadora, o aluno deve ser responsável pela sua aprendizagem, o que não está subentendido a colaboração do professor na gestão de atividade de ensino. Na EAD essa atitude do aluno é inevitável para desenvolver o seu espaço do aprender, pois a mesma é essencialmente auto-estudo. Para o desenvolvimento de uma aprendizagem emancipadora, o educador deve, mesmo que seja difícil, assumir uma posição de renúncia ao poder oferecido pelo próprio “lugar” de professor – aquela posição que permite a alguém controlar outros, no caso, os alunos.


http://www.4shared.com/document/DXl1sJlV/Emancipao_Intelectual.html

UMA COMPARAÇÃO PRAGMÁTICA ENTRE OS SOFISTAS E A PROPOSTA DA EAD


Relata o contexto em que os sofistas adquiriram notoriedade, devido às oportunidades surgidas das mudanças sociais, econômicas e políticas. Descreve a postura dos sofistas e compara com a metodologia da EAD, como opostas uma à outra.

http://www.4shared.com/document/gzem2vby/SOFISTAS_VERSUS_EAD.html

Lacan, o cartel e o EAD

Lacan, o grande freudiano propôs inovações no campo psicanalítico através de um retorno à Freud e em seus estudos foi construindo novos pensamentos e teorias. As propostas de Lacan não foram aceitas pela Escola de Psicanálise Clássica representada pela IPA, as divergências culmiraram no rompimento de Lacan com a escola. Diante disso Lacan na década de 60, em meio a um movimento de jovens intelectuais na França, ele escreve o Ato de Fundação de sua Escola de Psicanálise. Neste Ato, Lacan cria um novo modelo de construção do conhecimento conjunta do conhecimento através do cartel. Por meio do cartel é possível manter um trabalho permanente de investigação em relação à psicanálise nas Escolas de Psicanálise. Este modelo de aprendizagem contribui para compreendermos a metodologia adotada no Ensino à Distância. Para saber mais detalhes sobre essa relação acesse o link.

http://www.4shared.com/document/JehrFNsY/Lacan_o_cartel_e_o_ensino_EAD.html

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

sexta-feira, 9 de julho de 2010

"Para tudo há o seu tempo"

Rubem Alves


Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a "morienterapia", o cuidado com os que estão morrendo. A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe de UTIs. Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a "Pietà" de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo.

Texto publicado no jornal “Folha de São Paulo”, Caderno “Sinapse” do dia 12/10/03. fls 3.

Luciene Porto (Filosofando na Sexta)

A ERA DO VIDEOFONE

Fátima


Este módulo de Mídias na Educação está sendo muito bom para mim, pois estou aprendendo muita coisa nova. Estou gostando de Blogar. Olha só, criei até um verbo novo (se é que já não foi criado). Quero repartir com vocês trechos da reportagem da revista Isto É, nº 2118, de 16 de Junho de 2010, falando sobre o novo celular que permite chamadas com imagens e que vai mudar de vez a maneira como nos comunicar. Quem sabe a tecnologia chegará também em nossas salas de aula.
CHEGOU A ERA DO VEDEOFONE
“Inventar coisas que as pessoas nem sabem que precisa. Transformada em uma espécie de mantra, essa frase, durante décadas, estimulou os funcionários da fabricante americana de eletrônicos Apple a criar produtos que revolucionaram mercados e se tornaram sucessos comerciais indiscutíveis, como o tocador de música iPod e o computador portátil iPad. A empresa, liderada pelo mítico Steve Jobs, lançou na segunda feira 7 em São Francisco, na Califórnia, o novo celular da Apple, o iPhone 4. O FaceTime, programa ousado para fazer as ligações com vídeo do iPhone 4, simplifica a vida do usuário ao apresentar na tela todas as instruções necessárias (...) O novo iPhone vai ajudar muito no trabalho, sobretudo pela possibilidade de fazer vídeo-conferência (...) A Apple já tem agendado para setembro a entrega dos primeiros aparelhos que vêm para o Brasil. As operadoras de telefonia celular nacionais têm pouco mais de dois meses para tirar da cartola estratégias que permitam vender todos os recursos do novo celular, principalmente o videofone.”

SOBRE REDES SOCIAIS NA INTERNET - CONTINUAÇÃO

GRUPO: Elisângela; Viviane; Fábio; Inês; Luciene; Diva; Sara; Fátima; Deluzia



Fantástico 19-04-09 - Sobre Redes Sociais na Internet

Nos últimos anos tive o privilégio de conhecer pessoas fantásticas que entraram em minha vida nos mais inesperados momentos.
Trouxeram mensagens de otimismo, qualidade de vida, humor e reflexão…
Recebo todos os dias e-mails de pessoas que se tornaram importantes na minha vida, pessoas que, por vezes, estão a milhares de quilômetros..
Estou maravilhado com essas pessoas com disposição para serem generosas, amáveis, enviando mensagens que reconfortam, ajudam e incentivam.
Há pessoas que não gostam de computador, pois ainda não descobriram as possibilidades que pode proporcionar…
Dirão que esta troca de mensagens não substitui um abraço. É verdade ...
Porém, nos últimos tempos, me senti abraçado, muitas vezes, através das mensagens recebidas... As pessoas que me enviam poemas, música, humor, fotos e outras mensagens chamo “amigos virtuais”;


















Mas devo dizer que sinto essas pessoas como bem reais, que não têm nada de virtual, pois transformam em mensagem e tornam palpável todo o seu afeto. Como podemos imaginar tal coisa?
Em todo este tempo, alguns apenas me mandaram mensagens ocasionalmente. Outros já fazem parte da minha agenda e da minha lista de contatos e têm um lugar no meu coração…
Já me sinto um pouco dependente das mensagens, como um adolescente que espera os amigos para lhes dizer qualquer coisa todos os dias…
E chego a desejar que meus amigos nunca cresçam…
Como em tudo na vida, há que saber fazer uso correto desta forma de relacionamento. Não deveremos nunca renunciar ao contato físico, mas, às vezes, falta-nos tempo… outras vezes a distância é enorme.
Por isso, este meio é o mais eficaz para mantermos os nossos contatos com as pessoas que nos interessam verdadeiramente.
A surpresa de uma mensagem carinhosa que chega carregada de afeto causa uma verdadeira corrente positiva que pode, em muitos momentos, ser terapêutica.
Em certos momentos, a mensagem parece ter sido feita de propósito para nós… como resposta a um mau momento que estamos passando…
Podes ter a certeza de que, quando menos esperas, chegará essa mensagem, imagem, música ou poema que te fará sentir melhor.
Muitas vezes esperamos receber alguma mensagem amiga e… de repente, aí está a mensagem tão desejada.
Poderás dizer que também se recebe muito lixo por e-mail. Mas não é também assim na nossa vida de cada dia? O truque está em filtrar e ficar só com o que é positivo. A nossa função é fazer a seleção daquilo que é efetivamente bom…
Daquilo que nos pode fazer crescer como pessoas, do que nos pode fazer pensar, refletir, sentir que estamos vivos, amar, saber que estamos neste mundo de passagem, e que não custa nada fazer feliz o próximo e a nós mesmos.
Toda esta gente passará a ter um lugar garantido na minha vida.
Por vezes será difícil responder a todos com a brevidade desejada…
Mas estou convencido de que vale a pena gastarmos um pouco do nosso tempo para repartir carinho apenas com os comandos de “Enviar” ou de “Reenviar”.

O que são redes sociais?

O que são Redes Sociais Virtuais?

Por: Viviane, Sara, Diva, Fátima, Elisângela, Inês, Deluzia, Fábio e Luciene.


A cada dia a internet conquistas mais espaço na vida da pessoas, dentre as funções da internet atualmente a que mais se destaca dentre as razões de acesso são as redes sociais virtuais. Essas redes são compostas por páginas da web que facilitam a interação entre os membros em diversos locais do mundo. Elas existem para proporcionar meios diferentes e interessantes de interação. As principais redes são: Orkut, Facebook, Twiter, Myspace, Blog e Fotolog.

Nesta rede social pode-se publicar um perfil público de si mesmo com dados pessoais e fotos, montar uma lista de amigos que também integram o mesmo site. Se trata de um espaço virtual, no qual as pessoas trocam informações sobre as novidades cotidianas de sua vida, mostram as fotos dos filhos, comentam os vídeos caseiros uns dos outros, compartilham suas músicas preferidas e até descobrem novas oportunidades de trabalho, como se fosse um encontro num bar, praça ou clube. Tudo como as relações sociais devem ser, mas com uma grande diferença: a ausência quase total de contato pessoal.

Alguns pontos são discutidos por especialistas como a superexposição nesses sites, o aumento da superficialidade nas relações sociais, a distância física entre as pessoas que só se encontram virtualmente ora por morarem longe ou não se conhecerem pessoalmente mas existe também casos de pessoas que se conhecem mas só conversam virtualmente. Esta tem sido uma preocupação dos pais em relação aos filhos adolescentes, pois estes não saem mais de casa e passam noites acordados na internet conversando com amigos e vizinhos.

Segundo dados da Veja de julho de 2009 o Brasil tem sido o país com o maior audiência mensal chegando na faixa de 29 milhões de pessoas.
Como qualquer serviço da internet a depender do uso que se faz pode-se obter resultados positivos ou negativos.

Acompanhe neste vídeo um pouco mais sobre o que são essas redes sociais e como as pessoas ainda desconhecem o termo: "Redes Sociais", mesmo fazendo uso delas.

Educação Escolar: que prática é essa?

Boa tarde turminha!!
Estive um pouco sumida pois fiquei sem internet, mas estou de volta......Durante a semana fiz a leitura de um texto que achei interessante e pertinente a matéria, já que fala sobre a prática da educação escolar. Fiz uma resenha que segue abaixo e espero que gostem.
Forte abraço e até a aula... Sara Alves
Alguns autores atribuem a palavra práxis uma significação equivocada de que práxis é a prática em si. Isso se dá devido a um modismo verbal, afirma Maria Luisa Santos, e destaca a importância de mudar esse vocabulário que gera efeitos sobre a realidade.

Para a autora, esse modismo altera o discurso, mas as vigências históricas permanecem as mesmas. Pela ausência de domínio crítico do pensamento teórico que possibilita adequar-se à compreensão da realidade, reduz-se o conteúdo e aplica-se o modismo verbal. Logo, não se dominando a noção de práxis, compreender a prática humana restringe-se a dimensão pratico-utilitária.

No que tange a prática educativa, torna-se uma ação vazia, sem uma significação completa, visando somente a satisfação das necessidades práticas da vida cotidiana, não possibilitando um olhar mais crítico da realidade me que se está inserido.

Ou melhor, o educador passa a ter sua função simplificada, reduzida, pois emite somente o senso comum. Não sendo essa a função real do professor, é mister que este vá para além dos modelos simplistas apresentados em vários projetos pedagógicos. Portanto, a sua função é de emitir conhecimento que ultrapasse a consciências pratico-utilitária, emitir o ensino que busque satisfazer não somente as necessidades imediatas dos indivíduos, mas torna-los eficazes de ampliarem suas perspectivas.

Todavia, para fornecer esse conhecimento teórico, é mister que o professor retire da mesma uma conseqüência prática dedicando ao planejamento afinal, a teoria é parte constitutiva das atividades humanas.

Conforme a autora, práxis é a “atitude material do homem que transforma o mundo natural e social para fazer parte dele, o mundo humano” (SANTOS, p.13). Baseando-se a filosofia marxista, a ação humana e seus produtos correspondem a necessidade humana de se produzir como ser humano que se realiza no cotidiano da vida mas não se transforma imediatamente e diretamente. Dessa maneira, o ser humano tem por desafio, ser “ser humano”.

A educação está condicionada a finalidade humana de constituir-se enquanto ser humano cada vez mais humano. Não é em vão o lema de que caba a educação a formação de homens, e homens cidadãos. Por isso a importância do educador de não se restringir ao conceito reducionista do que é práxis.

A autora destaca, em seu terceiro capítulo, que a prática e a teoria estão interligadas, há em sim uma correlação entre a parte cognitiva e a teleológica. Ambas as dimensões interagem por meio da significação, ou seja, ainda que a teoria não se refira diretamente a uma prática, ela contém a significação da e para a prática.

Diante desta questão, a Educação se apresenta como a forma mais adequada de conscientizar o aprendiz quanto a realizada em que é produzido e produz. Segundo Maria Luisa Santos, a Educação tem por finalidade “tornar possível um maior grau de consciência, ou seja, de conhecimento, compreensão da realidade da qual nós, seres humanos, somos parte e na qual atuamos teórica e praticamente” (SANTOS, p. 29).

Tal transformação de consciências infere na questão subjetiva do ser humano, e tem, por sua vez, reflexos sobre a realidade objetiva. O que há de subjetivo, proposto pela teoria, tem sua ação objetiva, material.

No que se refere a questão da educação escolar, a autora diz que a matéria-prima da atividade educacional é a consciência do aluno, não se atribui a mesma o caráter real, objetivo. Porém, o instrumento básico de ação sobre tal matéria-prima é o conhecimento, nesse caso, o conhecimento científico. Bem como a consciência, o conhecimento não tem caráter objetivo.

Dessa forma, a educação escolar tem como seu produto maior, a consciência transformada e, por sua vez, transformadora do estudante. Transformação essa, que abrange em mudanças na realidade em que o aluno está inserido.

A escola existe, pois, para preparar o aluno a agir e interagir com a sua realidade através do conhecimento sistematizado. Está sobre a responsabilidade do Ensino Escolar, sistematizar esse conhecimento a fim de que o aluno aprenda a lidar com a prática do seu dia-a-dia. Não que a prática em si só não lhe promova o poder da ação, mas nessa ação está implícito o simbolismo teórico do qual precisamos ter acesso.

Destarte, nisso consiste a importância de se investir em uma educação de qualidade e para todo. Educação que não deve se deter ao conhecimento dominador, mas aquele que expande os focos de conhecimento, que aumenta o poder de inclusão e que eleve o educando, e porque não dizer também o educador, a uma condição plena de cidadania.

RIBEIRO. Maria Luisa Santos. Educação Escolar: que prática é essa? Campinas, SP, Autores associados. 2001.

terça-feira, 6 de julho de 2010

PORTAL DOMÍNIO PÚBLICO

Por: Deluzia - Diva - Elisangela - Fátima - Inês - Luciene - Sara - Viviane e Fábio
Olá pessoal!
Nosso grupo de sexta escolheu pesquisar sobre os dois seguintes temas sugeridos nos links para a atividade da semana: 1) Portal Domínio Público e 2) Redes Sociais na Internet.
Segue nossa primeira postagem sobre o Portal Domínio Público, esperamos que todos apreciem!

Características

Na perspectiva que busca entender as relações sociais, podemos compreender que o repertório de domínio público, como reflexo das transformações sociais locais, tem função agregadora e mantenedora de costumes, hábitos e filosofias de vida, na construção de uma identidade local. Sendo assim as características estruturais encontradas durante as análises de domínio público tem caráter relativamente simples e exemplificativo pelos intervalos encontrados, que demonstram uma conotação a informação.

Adicionalmente, o "Portal Domínio Público", ao disponibilizar informações e conhecimentos de forma livre e gratuita, busca incentivar o aprendizado, a inovação e a cooperação entre os geradores de conteúdo e seus usuários, ao mesmo tempo em que também pretende induzir uma ampla discussão sobre as legislações relacionadas aos direitos autorais - de modo que a "preservação de certos direitos incentive outros usos" -, e haja uma adequação aos novos paradigmas de mudança tecnológica, da produção e do uso de conhecimentos.

No entanto, acreditamos que as estruturas oferecidas, assim como o próprio desempenho dos grupos são respostas sociais ao convívio cotidiano construída na contemporaneidade que tende a desconstruir os valores humanos devido à velocidade de suas transformações.

Objetivo
Oportunizar a pesquisa tendo como foco central a educação. Pode-se analisar diversas obras para aprimoramento tanto pessoal como profissional, serve como integração de diversos acervos para ser compartilhado com um contingente maior de pessoas.

Como explorar
No site www.dominiopublico.gov.br, é possível baixar milhares de obras, as quais já completaram 100 anos de edição e, portanto, podem ser utilizadas sem a necessidade de pagamento de direitos autorais.

Obras fantásticas como as de Machado de Assis ou pinturas de Leonardo da Vinci podem ser encontradas nesse site.
Se você tiver interesse em utilizar esta magnífica ferramenta, basta aces s á-lo através do endereço www.dominiopublico.gov.br.
Observe a tela inicial do site:




Note que do lado esquerdo aparece uma área para pesquisa, onde o professor, o aluno,

ou qualquer outra pessoa pode acessar.

Em Tipo de Mídia, você escolhe entre Imagem, Som, Texto e Vídeo.


Em Categoria, aparecem as categorias referentes ao tipo de mídia escolhida.

Em Autor e Título, você preenche se desejar procurar um vídeo específico,

caso contrário, basta clicar no botão Pesquisar;

Em nosso exemplo, usamos a categoria TV Escola - Ciências e não optamos por autor, para que aparecessem todos os vídeos nesta categoria disponível no site. Veja a imagem.

Com tantas opções, basta escolher o que mais lhe agradar, clicar, fazer o download e assistir!.

Realize os mesmos procedimentos para as outras categorias.

Do lado direito da página inicial do site, você encontra algumas opções de obras muito importantes também disponíveis para download. Um exemplo é a obra completa de Machado de Assis:

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do?first=50&skip=0&ds_titulo=&co_autor=&no_autor=Machado%20de%20Assis&co_categoria=2&pagina=1&select_action=Submit&co_midia=2&co_obra=&co_idioma=&colunaOrdenar=null&ordem=null

Vídeo de Paulo Freire contemporâneo:

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do?first=50&skip=0&ds_titulo=Paulo&co_autor=&no_autor=&co_categoria=102&pagina=1&select_action=Submit&co_midia=6&co_obra=&co_idioma=&colunaOrdenar=null&ordem=null

Além de tantos acervos, existe muito material para a formação de professores, bem como de disciplinas específicas, o que contribui para o enriquecimento de suas aulas.

Basta clicar e ter uma biblioteca virtual em casa.

Assista ao vídeo com o coordenador do portal Domínio Público.







segunda-feira, 5 de julho de 2010

O QUE É FILOSOFIA? Por Gilles Deleuze,Félix Guattari

Olá colegas,

Pesquisando, encontrei algo muito interessante, e quero compartilhar.

Diva

O que é a filosofia?

Por Gilles Deleuze,Félix Guattari
Tradução Bento Prado Jr. e Alberto Alonso Munoz

A história da filosofia e comparável a arte do retrato. Não se trata de "fazer parecido", isto é, de repetir o que o filósofo disse, mas de produzir a semelhança, desnudando ao mesmo tempo o plano de imanência
que ele instaurou e os novos conceitos que criou. São retratos mentais noéticos, maquínicos. E, embora sejam feitos ordinariamente com meios filosóficos, pode-se também produzi-los esteticamente. E assim que Tinguely apresentou recentemente monumentais retratos maquínicos de filósofos, operando poderosos movimentos infinitos, conjuntos ou alternativos, redobráveis e desdobráveis, com sons, clarões, matérias de ser e imagens de pensamento, segundo planos curvos complexos (14). E, todavia, se é permitido apresentar uma crítica a um artista tão grandioso, parece que a tentativa não está ainda no ponto. Nada dança no Nietzsche, enquanto que
Tinguely soube tão bem, em outro lugar, fazer dançar as máquinas. O Schopenhauer nada nos revela de decisivo, quando as quatro Raízes, o véu de Maya parecem inteiramente prontos para ocupar o plano bifacial do Mundo como vontade e como representação. O Hei-degger não retem nenhum velamento-desvelamento sobre o plano de um pensamento que não pensa ainda.





Talvez tivesse sido necessário prestar mais atenção ao plano de imanência traçado como máquina abstrata, e aos conceitos criados como peças da máquina. Poder-se-ia imaginar, neste sentido, um retrato maquínico de Kant, ilusões compreendidas (ver esquema acima).

1. - O "Eu penso" com cabeça de boi, sonorizado, que não cessa de repetir Eu = Eu. / 2. – As categorias como conceitos universais (quatro grandes títulos): fios extensíveis e retráteis seguindo o movimento circular de 3. / 3. - A roda móvel dos esquemas. / 4. - O pouco profundo riacho, o tempo como
forma da interioridade na qual mergulha e emerge a roda dos esquemas. / 5. - O Espaco como forma da exterioridade: margens e fundo. / 6. - O eu passivo no fundo do riacho e como junção das duas formas. / 7. - Os princípios dos juízos sintéticos que percorrem o espaço-tempo. / 8. - O campo transcendental da experiência possível, imanente ao Eu (plano de imanência). / 9. - As três ideias, ou ilusões de transcendência (círculos girando no horizonte absoluto: Alma, Mundo e Deus).
Muitos são os problemas que concernem tanto a filosofia quanto a história da filosofia. As folhas do plano de imanência ora se separam até se oporem umas as outras, e convirem cada uma a tal ou tal filósofo, ora, ao contrário, se reúnem para cobrir ao menos períodos bastante longos. Além disso, entre a instauração de um plano pré-filosófico e a criação de conceitos filosóficos, as relações são elas próprias complexas. Num longo período, filósofos podem criar conceitos novos, permanecendo no mesmo plano e supondo a mesma imagem que um filósofo precedente, que eles reivindicarão como mestre: Platão e os neo-platônicos, Kant e os neo-kantianos (ou mesmo a maneira como Kant ele mesmo reativa certos segmentos do platonismo). Em
todo caso, não será, todavia, sem prolongar o plano primitivo, afetando-o com novas curvaturas, a ponto de que uma dúvida subsiste: não é um outro plano que foi tecido nas malhas do primeiro? A questão de saber em quais casos os filósofos são "discípulos" de um, outro e até que ponto, em quais casos, ao contrário, fazem enrica a ele mudando de plano, traçando uma outra imagem, implica pois avaliações tanto mais complexas e relativas quanto jamais os conceitos que ocupam um plano podem ser simplesmente deduzidos. Os conceitos, que vem povoar um mesmo plano, mesmo em datas muito diferentes e sob acomodações especiais, serão chamados conceitos do mesmo grupo; não serão assim chamados aqueles que remetem a planos diferentes. A correspondência de conceitos criados e de plano instaurado é rigorosa, mas faz-se sob relações indiretas que restam por determinar.
Pode-se dizer que um plano é "melhor" que um, outro ou, ao menos, que ele responde ou não as exigências da época? Que quer dizer responder as exigências, e que relação há entre os movimentos ou traços diagramáticos de uma imagem do pensamento e os movimentos ou traços sócio-históricos de uma
época? Estas questões só podem avançar se renunciamos ao ponto de vista estreitamente histórico do antes e do depois, para considerar o tempo da filosofia em detrimento da história da filosofia. (...)

(13) Cf. Kleist, "De 1'elaboration progressive des idees dans le discours" (Anedoctes et petits ecrits, Ed. Payot, p. 77). E Artaud, "Correspondance avec Riviere" (Obras completas, I).
(14) Tinguely, catalogo Beaubourg, 1989.

Filosofia como parte do processo eduacional e sua utilidade

Filosofia como parte do processo eduacional e sua utilidade
A Filosofia, pela sua própria história permite-nos ingressar em uma tradição na qual o questionamento da diversidade das experiências humanas, dos seus saberes e preconceitos, constitui-se em sua caracteristica mais destacada; um tema que não interessa sómente aos especialistas porque, por mais estranho que isso pareça, provavelmente não exista um ser humano que tenha se tornado um filósofo alguma vez em uma circunstância de sua vida.
No Brasil o ensino de Filosofia não possui uma tradição a altura da mesma. Temos como exemplo um dos períodos mais ¨negros¨da nossa história - o golpe militar de 1964 - que por longo tempo baniu a Filosofia e Sociologia dos curriculos escolares. Sómente por isso a sociedade percebeu o quanto elas eram importantes na formação do cidadão. Mas o erro foi corrigido com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9394 de 20.12.1996 - que através do Artigo 36 estabelece o retorno desses cursos às escolas.
Só que hoje percebemos que o ensino de Filosofia em nossas escolas apresenta muitas falhas, embora as escolas possuem autonômia para reorganizar seus curriculos, desde que observadas as determinações gerais e específicas de cada sistema educacional sendo que hoje no processo de formação existe a dificuldade de transposição de idéias e teorias para a esfera prática. Não existe uma base para o aluno do ensino médio em que ele se transforme e um aluno ativo, critíco, autor de seu processo de aprendizagem continuo para além do espaço escolar. A formação do profissional que vai auxiliar esse aluno ainda é falho; nossas escolas ainda carecem de profissionais especialistas na área de Filosofia. O que se percebe hoje é que muitas escolas substituem esse especialista por outro menos qualificado que não pertence a área contribuindo assim para a má qualidade do aprendizado.
Hoje temos na formação de nossos profissionais caracterizado por um ensino linear; aprende-se só o que que for relevante para a carreira. O interessante é que o professor de Filosofia não aprende a ser um professor, mas sim um técnico, um reprodutor de conhecimentos sem desenvolver o senso critíco em si mesmo e nos futuros alunos. Esse professor formado no ensino superior não tem a capacidade, a facilidade de saber o que dizer aos seus alunos além de repetir fórmulas feitas e mal compreendidas que ouviu na universidade.
Um profissional da Filosofia nas escolas de ensino médio também depende muito do que elas devem ser: possuir um ambiente propício à atividade dos alunos onde seus empreendimentos formem unidades (alunos) tipicos da aprendizagem; onde a escola precisa ter profissionais (professores) que, de um lado sejam conscientes que o desenvolvimento sómente se dá pela atividade qualificada e progressiva do aluno; que tenha uma interdiciplinaridade coletiva, conhecimento, análise dos temas atuais, etc... .
Sendo assim, o desafio da Filosofia e sua utilidade está em contribuir para aproximar os jovens das questões problemáticas colocadas pela própria Filosofia, contribuindo para que esses jovens olhem o mundo e todas as suas relações incluindo homem e universo, de maneira menos confusa, capaz de questiona-lo e propor soluções através de uma atividade fundamentalmente racional, de reflexão sobre temas éticos, políticos, morais presentes no dia-a-dia, além de tomar contato com as várias teorias explicativas de como conhecemos e o que é o conhecimento enquanto tal. Mas ainda assim muitos discutem sobre a utilidade da Filosofia. As pessoas se perguntam se vale a pena optar pela Filosofia e para que afinal serve a Filosofia. Para se encontrar uma resposta para essas perguntas, seria muito bom levar em conta o que diz a filosofa Marilena Chauí:
¨Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes¨.

Referência Bibliogáfica:
GALLO,S;KOHAN,W.(Orgs).Filosofia no ensino médio.Petrópolis:Vozes,2000
Postado por Fábio Vieira Pereira

domingo, 27 de junho de 2010

Liberdade: os limites do prazer

Liberdades: os limites do prazer
(Roberto Curi Hallal)

O prazer ingênuo, travestido, sacana e safado, comportado, oculto ou vestido na fantasia que o comporte; sempre pleno e irresponsável na percepção; assustadora forma de romper a solidão com suas formas limitadas. Ocasionalmente, sem pedir licença, interrompe o nosso sono, trabalho e concentração. Como dominó preto, cobre o corpo inteiro e não mostra o rosto, mas como palhaço, passa a constituir-se numa forma urgente de estardalhaço e de fazer rir.

Se violento e imposto, o prazer rompe a candura esperada e decepcionante de quem o sofre; se brincalhão, inclui o cheiro dos corpos e caminhos novos a despertar a curiosidade de fazer-se escondido.

Às vezes pleno, o prazer é inconstante, insone; outras, irrigador das partes áridas do corpo de quem descobre de novo pela primeira vez. Às vezes perfume, bebida, praia, jeito de olhar ou lembrança; outras, é sorriso, queixo, ombro, boca ou uma nova forma de gozar.

Aquele que o vive e sente corre o risco de ser feliz. Aquele que consegue tê-lo completo em alguém acaba preenchendo com a imaginação, a sua falta. Assim como a satisfação não cabe numa só meta, o amor não cabe numa só pessoa, a satisfação, num só objeto, as frases musicais numa só partitura, assim também a abrangência da expectativa ideal jamais será permanente satisfeita no real. O sujeito que percebe a vontade do prazer mobiliza-se no sentido da renúncia ou no gozo, assim como decorador esforçado em produzir acabamento exclui ou inclui peças e vira sonhador e poeta criando versos sem rima, embora às vezes, como animal, só queira possuir deixando de lado o acessório da ternura e da consideração.

É ingênuo pensar-se que os amantes só amam. Precisam também ser amados.

O corpo fala de gozo. A renúncia dele leva a censura que vitoriosa, parabeniza o renunciante, que desavisado não sabe da conexão que une o caminho do adiamento e o da depressão, a qual nos faz pensar pequeno, desaproveitando os potenciais esquecidos. Ao esquecer das paixões, o coração aposentado dispara, a boca desértica seca e a coxa molha. A saudade presente é quem na esperança opõe-se à desistência.

A inibição nos leva amadoristicamente a gerenciar as discórdias e a administrar a solidão.

Entre mortos e feridos passamos a ser contadores de histórias passadas como se, por distantes, elas não nos pertencessem; ou como se ocultando as paixões, pudessem abortá-las por impossíveis.

A legião crescente de queixosos são meros amantes frustrados que ao perderem o passo, não se atualizaram no cuidado de si mesmos. Acabando por se tornarem vítimas da própria censura.

Os prazeres entregues aos sonhos promovem o pesadelo, mas se disfarçam na vigília, na desesperança, no envelhecimento precoce, e oferecem conteúdo à acusação, perpetuando a cegueira própria de quem se esforça para não acreditar no amor.

Ainda que a maravilhosa memória se negue a esquecer, o prazer volta disfarçado em sintomas como denúncia de desejos incumpridos. Seus disfarces se combinam com saudades, repetições gerenciando tédios e buscas, constituindo-se assim em uma oposição ao viver.

Cabe ao humano, como recurso pensar que o prazer é atemporal, sem regras, que não tem nome de pessoa, não é passível de contenção constante, que é irreverente na forma e no conteúdo.

Todas as especulações em contrário são arranjos hábeis da censura visando impedir a existência do prazer na plenitude enquanto fenômeno vital, manifestação própria de ser humano.

Os deuses controlam o prazer proibindo-o; os humanos o sentem quando se permitem.

Sbrash – RBSH – Volume 5 – Nº 1 - 1994

Postado por - ELisângela