segunda-feira, 8 de novembro de 2010

REFLEXÕES SOBRE O ANTISSEMITISMO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA
ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE
FREUD COMO TEÓRICO DA MODERNIDADE BLOQUEADA


REFLEXÕES SOBRE O ANTISSEMITISMO


Diva Araujo Gonçalves Ximenes


Apesar de repetidamente desacreditado e de ter sua falsificação comprovada, o livro Os Protocolos dos Sábios de Sião se tornou o documento antissemita mais lido em todos os tempos.
Edição 64 – Março

O antissemitismo ou judeufobia, a variante do racismo que foca seu ódio na coletividade judaica nega ao povo judeu o seu direito à liberdade e a independência nacional. Ele possui uma tradição secular com suas raízes na religião, na cultura e no pensamento. Suas manifestações mais violentas já ocorreram - a Inquisição, a expulsão e o Holocausto - onde os nazistas alemães, apoiados pelo governo e seus colaboradores, perseguiram e exterminaram 2/3 dos judeus da Europa entre 1933 e 1945. Os nazistas odiaram e perseguiram especialmente os judeus.
Outra forma de mostrar esse desapreço contra o povo judeu é através da crítica a Israel e negação do direito de ser reconhecido por todos os povos da terra: o direito de autodeterminação. O movimento nacional do povo judeu para ser livre e independente em sua terra se chama sionismo. Ser antissionista é negar ao judeu sua liberdade e independência nacional.
O termo "antissemitismo", com suas conotações biológicas e raciais, foi usado pela primeira vez em 1879. por Wilmer Marr, fundador da famosa Liga Antissemita.
Marr considerava que esse termo antissemitismo era “como uma identidade racial, afirmando que o caráter “inato” dos judeus ou semitas” – da descendência de Sem, um dos três filhos de Noé, registrados no livro bíblico, em Gênesis capítulo 6.9 -10:
“Estas são as gerações de Noé: Noé era varão justo e reto em suas gerações; Noé andava com Deus. Ele gerou três filhos: Sem, Cam e Jafé” –
“era o oposto ao caráter “nobre e puro” dos arianos (Wilmer Marr, ao dizer “arianos”, tinha em mente os teutões e nórdicos, tais como alemães, austríacos, escandinavos, holandeses, ingleses, franceses etc.). Para ele os judeus não podiam deixar de ser o que eram; isto é, homens “inferiores moral e fisicamente”, porque a natureza assim havia predeterminado.
Segundo Freud (O Mal-estar na Civilização, 1930 p.3), algumas pessoas empregam falsos padrões de avaliação, buscando poder, sucesso e riquezas para elas e subestimam tudo aquilo que tem verdadeiramente valor na vida. Para os judeus o relacionamento com Deus, a prática da religiosidade, o cumprimento dos padrões ritualísticos são essenciais em sua vida.
Freud em seu livro O Futuro de Uma Ilusão (1927c), que trata da religião como sendo uma ilusão, enviado para o seu amigo, e que recebeu como resposta que Freud não apreciava “corretamente a verdadeira fonte da religiosidade, fala de uma sensação de “eternidade”, um sentimento de algo ilimitado, sem fronteiras – ‘oceânico”. Para os judeus a religião preenche todas as suas necessidades, tanto emocionais quanto religiosas; ela é o padrão de conduta. Em todas as realizações de sucesso ou de dificuldades eles buscavam a aprovação do seu Deus.
Para Freud (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.10) a religião: “Não traz consigo qualquer garantia de imortalidade pessoal, mas constitui a fonte de energia religiosa”. Ele fala que, um grande número de pessoas, na tentativa de obter a certeza da felicidade e a proteção contra os sofrimentos, faz um “remodelamento delirante da realidade e que as religiões da humanidade devem ser classificadas entre os delírios de massa”.
Olhando para a história do povo judeu, toda a sua trajetória de lutas, sofrimentos, tragédias, vitórias e decadências, registradas no livro sagrado, percebo a “necessidade religiosa a partir do desamparo e do anseio pelo pai, que essa necessidade desperta” ( Freud: Mal-Estar na Civilização - 1930 p. 7).
Segundo Safatle (2010 p.19), no interior do problema do desamparo, há um verdadeiro diagnóstico social ligado a certo desencantamento do mundo.
Esse povo tinha um relacionamento muito íntimo com Deus, como um Pai amoroso que compreende, provê as necessidades dos filhos e responde às suas preces. Mas também, de um Pai que repreende e corrige aos filhos, quando estes o desobedecem. O povo de Israel tinha certeza de que era o povo escolhido por Deus. Independente de qualquer falha que cometeu, dos sofrimentos que viveu a sua confiança no Eterno não se abalou.
Também Deus sempre mostrou o Seu propósito para a vida desse povo e de todos os homens. Freud (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.8) fala que se os homens não tivessem um propósito para suas vidas, ela perderia o seu valor e que só a religião é capaz de resolver a questão desse propósito para a vida humana. Para ele o que decide o propósito é o
“princípio do prazer, que domina o funcionamento do aparelho psíquico desde o início. O que chamamos de felicidade no sentido mais restrito provém da satisfação de necessidades represadas em alto grau (...). A satisfação irrestrita de todas as necessidades apresenta-se-nos como o método mais tentador de conduzir nossas vidas.
Pessoas sem um propósito definido na vida, sozinhas ou reunidas a outros grupos formando uma massa, quando lideradas por outras pessoas agressivas, podem tornar-se extremamente agressivas também. Segundo Freud é “o impulso de agressividade e de ódio que parece pertencer ao instinto autopreservativo” (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.25).
Freud, em seu livro Psicologia das Massas e a Análise do Eu (1994b - p.3), transcreve texto de Le Bon que diz:
“sejam quais forem os indivíduos que compõe, por semelhantes e dessemelhantes que sejam seu modo de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência, o fato de haverem sido transformados num grupo coloca-os na posse de uma espécie de mente coletiva que o faz sentir, pensar e agir de maneira muito diferente daquela pela qual cada membro dele, tomado individualmente, sentiria, pensaria e agiria, caso se encontrasse em estado de isolamento”.
Freud declara (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.2) os dois importantes problemas do desenvolvimento da civilização é o sentimento de culpa e o instinto de destruição (sadismo).
Esse sentimento de culpa (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.30), pode ter originado do complexo edipiano, adquirido quando da morte do pai primevo pelos irmãos reunidos em bando. Essa agressão não foi suprimida, mas executada. Depois de tamanho ódio por esse ato de agressão, veio o amor para aplacar a consciência e o inevitável sentimento de culpa, como preço que pagamos pelo avanço em termos de civilização e a perda da felicidade.
Para Freud (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.34),
“O superego de uma época de civilização tem origem semelhante à do indivíduo. Ele se baseia na impressão deixada atrás de si pelas personalidades de grandes líderes (...). A analogia vai além, como no fato de, essas figuras terem sido escarnecidas e maltratadas, liquidadas de maneira cruel. Do mesmo modo, na verdade, o pai primevo não atingiu a divindade senão pela morte violenta”.
Nas religiões cristãs, esse sentimento de culpa chama-se pecado, que só pode ser lavado pela confissão e pelo sangue de Jesus Cristo, pregado na cruz do calvário, pelos seus amados filhos, como o pai primevo, que encontrou a morte pelos seus filhos também.
Safatle (2010 p.36, 37) escreve que:
“Freud deriva o início da sociedade da idéia de um assassinato. Como vivíamos inicialmente em pequenas comunidades, teria sido comum que cada comunidade fosse dominada por um macho mais forte, que teria o monopólio das mulheres. Tal macho seria o “pai primevo”. Em um dado momento, os irmãos se unem para matar tal figura. Esse sentimento de culpa vem do fato de que o pai era não apenas o responsável pela coerção, mas também objeto do amor e identificação. (...) Freud acaba por nos dizer que os sujeitos modernos agem como quem vê instituições e figuras reconhecidas de autoridade como instauradoras e responsáveis por uma distribuição desigual das possibilidades de satisfação objetiva”.
Segundo Freud (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.34), grande parte das lutas da humanidade centraliza-se em torno da tarefa única de encontrar uma “acomodação conveniente” que traga felicidade. É uma luta individual e uma luta grupal para saber sobre o destino da humanidade. É um conflito constante, se existe alguma forma de se encontrar felicidade e o prazer.
Para ele (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.33), a civilização precisa envidar esforços supremos para estabelecer os limites entre o instinto de vida e o instinto de destruição; esses selvagens impulsos instintivos e agressivos que o homem traz dentro de si e que ainda não foram domados, e manter suas “manifestações sob controle por formações psíquicas reativas”, porque creio ser o “maior impedimento à civilização”.
Sabemos que, para a sociedade ser bem sucedida, ela precisa trabalhar com as pessoas individualmente, para que elas também o sejam. É necessário que a sociedade busque unir os indivíduos isolados, as famílias, e também as raças, povos e nações numa unidade grande, que é a humanidade. “A hostilidade de cada um contra todos e a de todos contra um” (Mal-Estar na Civilização - 1930 p.33) atrapalham ao desenvolvimento da civilização.
Precisamos aprender com os demais animais que trabalham em cooperação, como as formigas e outros animais, para a realização pessoal e a dos demais pertencentes ao grupo e a sociedade em geral.





Referências:
FREUD, S. Mal-estar na civilização (1930). Edição standard brasileira das obras completas, Rio de Janeiro, Imago Editora, v. XXI, 1994a.
FREUD, S. Psicologia das massas e análise do eu (1921). Edição standard brasileira das obras completas, Rio de Janeiro, Imago Editora, v. XVIII, 1994b.
SAFATLE, V. Freud como teórico da modernidade bloqueada. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2010.
Disponível em: http://www.morasha.com.br/main_hp.asp
Disponível em: http://www.chamada.com.br)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O CLAMOR POR JUSTIÇA À LUZ DO PENSAMENTO SOCIAL FREUDIANO

Inês Hering Pomalis

Na sociedade atual, a justiça humana não contempla as expectativas dos indivíduos, que buscam a justiça divina viabilizando a vinda de Jesus. Este artigo busca fundamentos no que o psicanalista alemão Sigmund Freud identificou como visão de mundo religiosa, por meio das noções de amparo e desamparo, para justificar o clamor por justiça divina e a insatisfação do indivíduo perante a justiça dos homens.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A moderna busca pela felicidade

Este texto traz uma interlocução com a moderna busca pela felicidade entre os sintomas resultantes das relações entre os sujeitos e sociedade e a crescente intoxicação por drogas lícitas e ilícitas. Como alternativas para ligar com a angústia que é viver nesta modernidade bloqueada.
Viviane Nunes Gomes
Para acessar o arquivo clique com o mouse em cima do título " A moderna busca da felicidade" e baixe o arquivo diretamento do 4shared.

A PRIMAZIA DE ATAQUES XENÓFOBOS

Olá pessoal, segue o link para realizar o download do meu trabalho. Basta selecionar e copiar na barra de endereço do seu navegador.

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Abraços!!

Deluzia

Sigmund Freud - ESTUDO SOBRE O INCESTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE

FÁBIO VIEIRA PEREIRA

ESTUDO SOBRE O INCESTO

Trabalho apresentado ao Professor Vladimir Safatle

Orientadora: Profª. Msc. Maria Izabel Devos Martin

Orientador: Profº. Msc. Vitor Cei

"Com o amor, como com a própria vida, é a mesma novela de novo: somente a morte é sem ambigüidade, e a fuga da ambivalência é a tentação de Thânatos." (Zygmunt Bauman)








Sigmund Freud sobre o tabu do incesto, procura abordar as questões sobre a análise da proibição da relação sexual dentro da familiar. A proibição é um fenômeno sócio-cultural de caráter global, Freud tem uma visão que a proibição do incesto está ligada aos aspectos sociais, mas também deparamos com os desejos inconscientes que o próprio sujeito rejeita.

O que Freud afirma (1996) é o tanto de proibições que o individuo está submetido. Muitos fatos são proibidos e sendo a sociedade superior ao sujeito, não sabendo ele por que motivo é proibido. Pelo contrário, submetem-se ás proibições como se fosse coisa natural e estão convencidos de que qualquer violação terá automaticamente a mais severa punição.

Weber analisa as normas e regras sociais como resultados do conjunto de ações individuais, e os agentes escolhem o tempo todo, diferentes formas de conduta. Essa ação tem caráter racional.

Assim para Freud o que caracteriza nossas ações é o inconsciente, os indivíduos possuem uma estrutura psicológica semelhante aos primitivos, desta forma o homem se faz sociedade e constrói o contexto histórico da humanidade.

A sociedade impõe algumas normas aos indivíduos, e esses procuram cumpri-las de muitas formas, coesão e medo. Neste contexto o individuo se prepara para cumprir-las e depara com essas regras que podem ser internas e externas, nessa hipótese os indivíduos passam a integrar regras ao seu sistema interno psicológico individual.

Como diz Max Weber à sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais, que o indivíduo faz orientando-se pela ação de outros. Podendo ser ação carismática, afeto e racional.

A proibição do incesto é absolutamente racional porque nela assenta a ordem da família, e portanto, da sociedade, ação racional com relação a valores devido ao fato de ser determinada pela crença consciente num valor considerado importante e ação racional com relação a fins, determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários.

Citando Safatle (2010, p. 37)

“Freud acaba por nos dizer que os sujeitos modernos agem como quem vê instituições e figuras reconhecidas de autoridade como instauradora e responsável por uma distribuição desigual das possibilidades de satisfação subjetiva.”

O Tabu na sociedade tem como objetivo o controle social, regulando a ética social, criando mecanismos de ordem psíquica, sexual, barreiras controladoras para bloquear os impulsos que condicionam o individuo.

Freud relaciona as proibições impostas a sociedade com os impulsos proibidos, e controlados, as civilizações primitivas se defendem da anomia(ausência de regras), negando os pensamentos e sentimentos criando auto-controles compensadores, e conseqüentemente a renúncia a uma posse ou liberdade entendida para Freud como repressão, que é considerado o objetivo do tabu. Estamos sempre entre a cruz e a espada, a repressão e a rebelião, a lei e o impulso em fim todos querem realizar os desejos reprimidos, mas são proibidos perante a civilização e também não podemos desconsiderar o desejo individuo almejar o poder.

Em Psicologia das Massas e Análise do Eu, Freud analisa as conseqüências dessas políticas para o individuo em conseqüência de uma relação do individuo com uma integração dos processos sociais onde procuram se socializar, sempre considerando o princípio único e soberano de poder.

Na teoria das massas as instituições Igreja e o Exercito são consideradas para Freud instituições onde os indivíduos interiorizam um mesmo pensamento. Na Igreja os irmãos seguem ao pastor e no Exercito os subalternos, visão hierárquica seguem um comando, enfim são seguidores de lideres. Pois a instituição encontra-se funcionalmente integrada na vida grupal, pela origem e pela estrutura. Os grupos estáveis sentem necessidade de controle para promover coesão interna. Estrutura-se a instituição para regular a distribuição de bens sociais – atendimento das necessidades grupais e/ou individuais.





Nas palavras de Freud:

“A massa seria uma reviviscência da horda originária. Da mesma forma que o homem das origens preservou-se virtualmente em cada indivíduo isolado, a horda originaria pode ser novamente produzida a partir de qualquer agregado humano”(FREUD, Massenpschologie und Ichanalse, p137)

O líder é o centro das atenções buscando ordenar as vidas dos indivíduos. Mas ocorrendo uma desagregação social pode levar a massa a reordenar novos lideres. Essa manifestação fortalece o sentido da autoridade. Nessa relação de autoridade é cheia de amor e ódio, mas nessa neurose essa relação pode causar sintomas, inibições e angustias o que não surgem em situações normais.

Desta forma a proibição do incesto é mundial, em todas as sociedades existe alguma norma que proibi o casamento entre pessoas de um determinado grau de parentesco. A proibição do incesto serve para proteger a espécie humana das conseqüências genéticas nefastas do casamento entre parentes próximos.

Seguindo essa idéia, Durkheim afirma que os fatos sociais, são justamente essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade. Esses fatos sociais têm duas características básicas que permitirão sua identificação na realidade: são exteriores e coercitivos.

Exteriores, porque consistem em idéias, normas ou regras de conduta que não são criadas isoladamente pelos indivíduos, mas foram criadas pela coletividade e já existem fora dos indivíduos quando eles nascem. Coercitivos, porque idéias, normas e regras devem ser seguidas pelos membros da sociedade. Se isso não acontece, se alguém desobedece a elas, é punido, de alguma maneira, pelo resto do grupo.

O fato social é quando em determinado momento sentimos os desejos inconscientes como impulsos conscientes. A partir daí podemos considerar um comportamento disfuncional em relação ao grupo onde ocorre. Tal conceito é desprovido de conotações valorativas: as normas dos diferentes grupos constitutivos de uma sociedade mais ampla pode encontrar-se em oposição.

Por exemplo, o comportamento considerado funcional, em conformidade com as normas, num determinado grupo, quando analisado em relação às normas de outro subgrupo ou da sociedade maior, será considerado desviado ou disfuncional. Essas considerações indicam que nem todo desvio é nocivo para os componentes do grupo. A norma, regra é um padrão estabelecido daquilo que deveria existir dentro de uma cultura determinada. As normas podem assumir uma das quatro seguintes formar: valores, costumes, preceitos e leis.

Enfim para compreender o totem tabu de Freud, podemos considerar que realizou um estudo sobre a proibição ao incesto ele analisou a Psicologia dos Povos Primitivos, e também fez uma interligação entre Cultura e Psicanálise. Para Freud as proibições apresentam uma neurose devido ao conflito entre proibição/tendência.

Existe assim uma inibição à tendência que na neurose se processa no inconsciente. E a tendência insatisfeita permanece inconsciente, como desejo oculto insatisfeito. Não pode haver sociedade sem ordem. Nas sociedades primitivas onde se originam os estudos de Freud, não há leis escritas, esses costumes vitais, ou morais, regulam toda a existência humana e dão estabilidade e continuidade à ordem. Através dos tempos e pela continuada repetição se tornam a segunda natureza do indivíduo.

Assim nas sociedades onde existe o elevado grau civilizatório encontramos indivíduos que praticam o incesto, essa quebra de tabu concretiza e caracteriza a teoria Frediana onde os desejos proibidos que estão no inconscientes se tornam impulsos conscientes, se tornam realidade mesmo com o conhecimento da proibição mas sabemos que todos nós que existe na consciência a consciência social - o senso de que o indivíduo pertence ao grupo e lhe deve lealdade e consideração. E a moralidade é cooperação da parte com o todo, e de cada grupo com um grupo maior. Sem isso a civilização se torna impossível.







REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORNO, Theodor & Horkheimer, Max - Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos, R.J., Jorge Zahar ed., 1985.

BOUDON, Raymond. Tratado de Sociologia. R. J. Jorge Zahar ed. 1995

COHEN, C. O incesto um desejo. São Paulo, Casa do Psicólogo, 1993.

FREUD, Sigmund. (1913) Totem e Tabu. In: FREUD, S. Obras psicológicas completas. R. J., Imago, 1980. v. 7.

FREUD, Sigmund. Psicologia das Massas e Análise do Eu. Rio de Janeiro: Ed. Imago, 1977.

GELEFFI, Dante Augusto. Filosofar & Educar. Bahia, Quarteto Editora, Ed. 1. 2003

LAPLANCHE, Jean. Vocabulário de psicanálise/ 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

SAFATLE, Vladimir. Freud como teórico da modernidade bloqueada, Vitória – ES: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2010

http://fundamentosfreud.vilabol.uol.com.br/biografia.html

http://www.suapesquisa.com/biografias/freud.htm

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Autoridade familiar: reflexão e estudo acerca da formação adulta

FÁTIMA DE ALMEIDA LIRA












AUTORIDADE FAMILIAR: REFLEXÃO E ESTUDO ACERCA DA FORMAÇÃO ADULTA








Trabalho apresentado à disciplina “Freud como teórico da modernidade bloqueada”, ministrada pelo profº: Dr, Vladimir Safatle em Setembro de 2010.



















VITÓRIA
2010
I Introdução

O presente trabalho tem por objetivo levantar questões sobre a autoridade paterna utilizando a teoria social freudiana.
Desenvolvimento
Para discutirmos sobre a autoridade paterna, utilizaremos como exemplo a família Garcia, esta é composta por 15 membros dos quais 14 estão sujeitos a autoridade rígida de 1.
Nessa família a autoridade que prevalecia era do pai, a esposa era submissa ao marido a tal ponto que a autoridade da mesma também era transmitida aos filhos, ou seja, os filhos obedeciam sempre, na maioria das vezes por medo e em respeito ao pai. A expressão no olhar dizia tudo, não precisava de palavras, pois já entendiam a mensagem.
Os filhos tiveram uma infância regada de ordens, regras essas que em momento algum poderiam ser contrariadas, por que a palavra final era sempre do chefe da casa.
A mãe no seu papel de submissa, era de certa forma carinhosa com os filhos.
Era a mãe que convivia mais com os filhos, por que o pai por estar sempre trabalhando e colocando o alimento dentro de casa, a comunicação se distanciava, dava as ordens e todos literalmente tinham que cumprir.
Como afirma Freud (1996), o que nos interessa, portanto, é certo o número de proibições ás quais o individuo está sujeito. Tudo é proibido e eles não têm nenhuma idéia por quê e não lhes ocorre levantar a questão. Pelo contrário, submetem-se ás proibições como se fosse coisa natural e estão convencidos de que qualquer violação terá automaticamente a mais severa punição.
Freud (1996, p.40) continua dizendo que “por trás de todas essas proibições parece haver algo como uma teoria de que elas são necessárias porque certas pessoas e coisas estão carregadas de um poder perigoso que pode ser transferido através do contato com elas quase como uma infecção”.
Na adolescência, os costumes eram seguidos com as mesmas normas da infância, o esquema era o mesmo.
Namorar só se fosse para casar, não se prolongava o namoro por muito tempo e sempre tinha alguém por perto na hora de namorar.
No livro Totem e tabu (1996) Freud apresenta seus significados como uma aplicação da psicanálise a “problemas não esclarecido da psicologia dos povos”.
O presente texto mostra Freud afirmando que o pai é sempre aquele que proíbe o incesto, fazendo um paralelo com o estudo de caso, na família Garcia era Inconcebível para o chefe da família tal situação.
Na família Garcia, onde a educação rígida imposta pelo pai marcou a vida e a personalidade dos filhos, onde não se consegue esquecer tais recomendações e repreensões, trouxe consequências que refletem até hoje nas relações sociais.  
No que se refere a relação familiar, no texto Freud como teórico da modernização bloqueada (2010), Vladimir Safatle afirma que a relação à autoridade é sempre investida de alguma força de interesse libidinal, que encontramos isso no nosso comportamento, é um traço que carregamos.
Através da noção de desamparo a qual Freud defende, pode-se entender e trabalhar a diagnóstico social.
Freud diz que o sujeito entra no núcleo familiar buscando uma defesa contra o sofrimento psíquico advindo do sentimento de desamparo.
Para Freud esse desamparo tem o sentido de um afeto que mostra ausência de sentido da existência.
E essa ausência existencial é superada quando esse sujeito se sente amado por figuras de autoridade na família, essas figuras na maioria das vezes são imaginadas como sendo os pais.
Como lembra Safate (2010), para ser reconhecido como sujeito e como objeto de amor no interior da esfera familiar, faz-se necessário que os sujeito se identifique exatamente com aquele que sustenta uma lei repressora em relação às exigências pulsionais. Para ser reconhecido como sujeito, a criança deve abrir mão de certos desejos (como os desejos incestuosos e agressivos) e saber hierarquizar suas pulsões a partir de uma vontade relativamente unitária.
Ela deve aprender a agir como uma autoridade paterna dotada de força de coerção.
Concluindo, hoje pode-se ver na família Garcia, adultos com personalidades diferentes, mas que carregam na vida uma mesma vivência, regada de educação e autoridades rígidas. Estes reproduzem o mesmo comportamento paterno aos seus filhos, outros ao contrário, nem sonham em transmitir para os filhos o legado que sofreu, mas de tudo, quando um dos pais disser alguma coisa ou deu alguma ordem é necessário que seja apoiado pelo seu cônjuge; como no estudo de caso claramente mostrado, se o pai disse uma coisa e a mãe o contrário, então está desmoralizada a autoridade dos pais e a criança acaba fazendo o que quer, aproveitando –se da situação. Pais unidos têm filhos equilibrados e obedientes; pais desunidos têm filhos instáveis e indisciplinados. Como hoje, infelizmente, muitas vezes acontece. Mas fica a pergunta o que Freud diria à luz da psicanálise em relação à família Garcia?
No mundo atual onde o termo autoridade familiar não possui substancial efeito, observa-se que nos tempos remotos, autoridade familiar em especial paterna era sinônimo de respeito extremo, do qual seus reflexos podem ser sentidos na vida social de adultos com dificuldades para relacionamento social. Essa questão está muito desgastada. O tema sofre do uso excessivo e da sua má aplicação. O mau exemplo vem de cima e as bases se rebelam quando são obrigadas a se submeter a códigos de lei e de conduta que as próprias autoridades se incumbem de menosprezar.
Percebemos que até hoje na relação familiar, o pai tem uma influência muito forte sobre os filhos e isso reflete na vida social dos mesmos.


REFERÊNCIAS
FREUD, Sigmund. Totem e tabu. In. Obras psicológicas completas: Edição Standart Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1999. 168p.
SAFATLE, Vladimir. Freud como teórico da modernidade bloqueada. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distãncia, 2010. 52p.

Freud e a Religião na Contemporaneidade

Freud e a Religião na Contemporaneidade




Elisângela Lima Guedes



É de se esperar que o ser humano contemple com os avanços da ciência uma superação das suas necessidades de amparo e proteção, pois segundo (FREUD,1976), o ser humano desde a infância tem a necessidade de proteção, sendo a figura do pai algo relevante no processo de desenvolvimento do individuo, a religião vem como propósito de orientar sobre as questões da vida e nos proteger através da onisciência e onipresença de Deus e a ciência e a tecnologia veio como forma de desvendar os acontecimentos que até uma determinada época não era compreendida pelos homens e não tinha-se a possibilidade de controlar. As figuras do pai expressas na família/religião/estado é proporcionar ao individuo a tão sonhada segurança, mas podemos perceber que elas não são capazes de suprir todas as necessidades do ser humano, pois eles continuam com a sensação de desamparo (SAFATLE, 2010).



Como ressalta Safatle (2010, p.18-19)

“[...] a experiência do desamparo à angustia, cuja fonte encontra-se nos desdobramentos do estado de prematuração do bebê ao nascer (com sua incompletude funcional e sua insuficiência motora). Por nascer e permanecer durante muito tempo na incapacidade de prover suas próprias exigências de satisfação, o bebê estaria sempre ás voltas com uma situação de desamparo que marca seu modo de relação com os pais.”



Ao nascer e durante toda a fase inicial da vida humana temos uma necessidade de sobrevivência e só temos condições de permanecer vivos através do cuidado e proteção do outro e esta situação determina o modo de relação com os pais e/ou responsáveis.



Safatle (2010, p.20), assim se posiciona “[...] tais sujeitos serão socializados no interior da família. Elas entram no núcleo familiar como quem procura principalmente, um modo de defesa contra o sofrimento psíquico advindo do sentimento de desamparo.”



O sentimento de desamparo torna-se uma fonte de busca por proteção, pelo fato do homem não se sentir capaz de quebrar os vínculos do ideal de cumplicidade e solidariedade que permeia as ligações familiares.



Citado por Safatle (2010, p.21) Freud exemplifica essa relação que se encontra no seio familiar e por seguinte é subtraída para exaltação da proteção oriunda da religião das seguintes maneiras:

Primeiro –

“[...] a exploração psicanalítica dos indivíduos ensina de maneira enfática que o deus de cada homem é formado a partir do pai, que a relação pessoal a Deus depende da sua relação ao pai carnal, que ela oscila e se transforma a partir desta última, e que Deus, no fundo, não é outra coisa que um pai elevado.”

Segundo – “Há nas massas humanas uma forte necessidade de uma autoridade que se possa admirar (...) A psicologia do individuo nos ensinou de onde vem tal necessidade das massas. Trata-se da nostalgia do pai.”



Em relação ao papel da religião Freud (1976, p.30), “´[...] as idéias religiosas surgiram da mesma necessidade de que se originaram todas as outras realizações da civilização, ou seja, da necessidade de defesa contra a força esmagadoramente superior da natureza.”



O discurso sobre a relevância da religião vem desde a antiguidade e seguindo nosso contexto histórico a maioria das pessoas situadas no ocidente tem a concepção religiosa judaica cristã que foi internalizada através da Bíblia Sagrada. A Bíblia é dividida em antigo testamento e novo testamento e contem 66 livros que retratam os ensinamentos de Jesus Cristo, antes do seu nascimento e depois, do seu nascimento respectivamente.



Entretanto, após Jesus Cristo e seus profetas (homens inspirados por Deus para pregarem o evangelho), vários indivíduos já se intitularam como profetas e usam a Bíblia para promover uma comoção entre as pessoas e se afirmam como protetores e capazes de salvar qualquer pessoa de seus males e infortúnios, sendo que vários indivíduos independentes da situação socioeconômica se deixam ludibriar por promessas de vida plena e salvação eterna.



O que se observa nessas pessoas é um desejo de proteção e em conjunto a sensação de desamparo que é tão grande que se deixam levar pela ilusão de serem protegidas de qualquer mal, mas também os leva a uma decepção . Como cita Safatle (2010, p.19) “[...] no interior do problema do desamparo, há um verdadeiro diagnóstico social ligado a um certo desencantamento do mundo.”



Essa realidade interfere de maneira direta no mundo em que vivemos. Nossa sociedade é excludente, tem uma política neoliberal que faz com que cada indivíduo tem de ser capaz de suprir as próprias necessidades e se não consegue ter condições de ter uma vida que tem razões para valorizar ele é culpabilizado pela sua inércia e incapacidade e se sente desprotegido, desamparado.



Citando Safatle (2010, p.22)

“No interior da família, os sujeitos podem se defender de tal ausência ao se sentirem amados por figuras de autoridade que precisam aparecer como dotadas da capacidade de, de certa forma, garantir ao sujeito sua posição existencial. Estas figuras são construções fantasmáticas produzidas a partir dos pais.

No entanto, para se saber amado por tais figuras, ou, se quisermos, para ser reconhecido por elas, o sujeito deve agir, desejar e julgar a partir de um quadro de exigências sociais que a autoridade paterna encarna.”



Considerando a necessidade de proteção de uma boa parte das pessoas que vivem na ilusão de terem esse pai que é capaz de protegê-las, elas acabam se condicionado a figura de qualquer pessoa que consegue ter a aparência e o poder desse pai protetor e são capazes de sujeitarem-se a qualquer vontade estabelecida desse cuidador. De acordo com Roudinesco (1998, p. 287)

“As idéias religiosas constituem a realização dos mais antigos anseios da humanidade, antes de mais nada o de nos protegermos da onipotência da natureza, sem termos que suportar as limitações e as privações trazidas pela cultura. (...) A ilusão para se manter, não precisa ser confirmada pelo real. Freud sublima, nesse ponto, que `todas as doutrinas religiosas são ilusões´ e que `é tão impossível refutá-las quanto prová-las´.”



Podemos exemplificar o entendimento de Freud sobre a necessidade de ter um pai protetor e de se submeter integralmente a essa figura através de um caso acontecido recentemente em Ecoporanga – ES na região noroeste do estado a 320 km da capital, no ano de 2007, no distrito rural chamado Córrego do Paraíso:



Inereu Vieira Lopes nascido em Mantena – MG no ano de 1951 se converteu a Igreja Batista e em 1983, mas ao estudar as doutrinas de William Marrion Branham, considerado o precursor do Movimento Pentecostal e Carismático nos Estados Unidos depois da 2º Guerra, que preconizava a cura pela fé, foi um dos maiores líderes Pendencostais da atualidade, criador da Igreja Evangélico Tabernáculo. Ireneu passou naquele momento a acreditar que tinha recebido a convocação espiritual de Branham para exercer o ministério do Tabernáculo, fundando inicialmente a primeira Igreja em Vitória – ES, chamada Igreja Tabernáculo Vitória. Ele acredita ser uns dos profetas como foi Noé e Moisés, então passa a chamar os escolhidos de Deus para fundar uma comunidade Cristã em Ecoporanga – ES, para o povo escolhido vivenciar as bênçãos profetizadas por ele e delo como guia espiritual de forma integral deriam de se abster de todos os bens materiais, doando todo o patrimônio para o próprio pastor Ireneu.



Cerca de aproximadamente 150 famílias doaram todo o patrimônio para a Igreja Tabernáculo Vitória e deixaram parentes e amigos para irem em direção ao “Paraíso” para construírem o Condomínio Recanto das Águias com o intuito de viverem em uma comunidade santa, igualitária e protegidos pelo guia espiritual, discípulo do profeta Branham.



De acordo com relatos os fiéis trabalham durante o dia e a noite, oram e descansam, todos trabalham em prol da construção do condomínio em um terreno de 19 hectares de terra, doado por um casal de fiéis, as mulheres, lavam e cozinham e nenhum dos membros pode ter contato com as pessoas que não fazem parte dessa comunidade, acreditam que devem ser auto-suficientes em tudo e não podem morar ou comer algo que não seja construído e feito por eles, pois eles têm que ter o cuidado de não serem contaminados por pessoas que vivem no mundo. Até as crianças e adolescentes em idade escolar deveriam abandonar as escolas, pois todos deveriam esperar o dia do juízo final em comunhão com aqueles que são capazes de negar os bens materiais.



Segundo Mateus 6:19-20 “Não acumuleis para voz, outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam, mais ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corroem, e onde ladrões não escavam nem roubam.”



Entre depoimentos citados pelo site Astro Saber, uma mãe diz ter visto seu filho, integrante do Tabernáculo Vitória, vestido com uma camisa onde se lia: “Obrigado por cuidar de mim”, com a foto do pastor e a frase: “O anjo do sétimo dia”.



Segundo o livro de Apocalipse 21:3-4

“Então ouvi grande voz vindo do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens, Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles.

E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.”



Quem tem posse da bíblia e o dom da oratória sofista, pode interpretar e pregar o evangelho segundo as próprias conveniências, e levar multidões a escravidão material, intelectual e espiritual. Segundo Freud (1976, p. 34) “Não poucas pessoas encontram sua única consolação nas doutrinas religiosas e só conseguem suportar a vida com o auxílio delas.” Ainda segundo Freud (1976, p. 52) “{...} a religião seria a neurose obsessiva universal da humanidade.”



De acordo com o fato citado da Igreja do Tabernáculo em que a obra entrou em ebulição na capital do Espírito Santo em pleno século XX e teve a capacidade de levar vários fiéis não só do nosso Estado, mas também de Minas Gerais para Ecoporanga, no Distrito do Córrego do Paraíso, podemos perceber como alguns seres humanos são capazes de se iludir, por um desejo de estar a serviço de alguém capaz de prover todas as necessidades e protegê-los de qualquer infortuno.



De acordo com Freud (1976, p. 57)

“[...] os homens são completamente incapazes de passar sem a consolação da ilusão religiosa, que, sem ela, não poderiam suportar as dificuldades da vida e as crueldades da realidade. (...), mas [...] os homens não podem permanecer crianças para sempre, tem de, por fim, sair para vida hostil.”



Citando Safatle (2010, p. 43)

“Isto talvez nos explique porque temos tanta dificuldade em explicar como, no interior de nossas sociedades democráticas liberais, encontramos a recorrência contínua de figuras de autoridade e liderança que parecem se alimentar de fantasias arcaicas de segurança, proteção e de medo (...).”

Essa proteção sempre perpassa pelo viés da figura do pai na família, religião e estado.



Acredito que essas pessoas que se deixaram iludir pelo pastor Irineu, tivessem internalizado na sua infância a auto-estima, fossem mais auto-suficientes e contivessem uma boa formação acadêmica não teriam deixado para traz, amigos, trabalho, bens e familiares por uma ilusão de um “cuidador”. Devemos estar mais atentos aos discursos que nos comovem, para entendermos quais os nossos “pontos fracos”, nossas carências e necessidades de proteção para nos policiarmos diante das decisões que podemos tomar nos percursos da nossa vida.



Reverências:



Almeida, João Ferreira de. Bíblia Sagrada. Traduzida para o Português por João Ferreira de Almeida. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.



Freud, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Tradução de Christiano Monteiro Oiticica. Rio de Janeiro: Imago Editora LTDA, 1976.

______ O mal estar na civilização.

______ O futuro de uma ilusão.



Roudinesco, Elizabethe; Plon, Michel. Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1998.

Safatle,Vladimir. Freud como teórico da modernidade bloqueada. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2010.

Disponível em: http://agazetaonline.globo.com/conteudo/2009/04/73569-pastor+da+tabernaculo+separa+casal+em+nome+de+deus.html. Acesso em 23 de outubro de 2010.

Disponível em: http://gazetaonline.globo.com/conteudo/2009/04/74344+pastor+altera+estatuto+da+tabernaculo+para+construir+empresas.html. Acesso em 23 de outubro de 2010.

Disponível em: http://deolhos.blogspot.com/2010/09/justiça-ordena-seita-tabernaculo.html. Acesso em 23 de outubro de 2010.

Disponível em: http://www.astro.saber.com/2007/10/cobertura-de-fe-igreja-tabernaculo.htmal. Acesso em 23 de outubro de 2010.

Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/willian-marrion-branham. Acesso em 23 de outubro de 2010.