sexta-feira, 9 de julho de 2010

Educação Escolar: que prática é essa?

Boa tarde turminha!!
Estive um pouco sumida pois fiquei sem internet, mas estou de volta......Durante a semana fiz a leitura de um texto que achei interessante e pertinente a matéria, já que fala sobre a prática da educação escolar. Fiz uma resenha que segue abaixo e espero que gostem.
Forte abraço e até a aula... Sara Alves
Alguns autores atribuem a palavra práxis uma significação equivocada de que práxis é a prática em si. Isso se dá devido a um modismo verbal, afirma Maria Luisa Santos, e destaca a importância de mudar esse vocabulário que gera efeitos sobre a realidade.

Para a autora, esse modismo altera o discurso, mas as vigências históricas permanecem as mesmas. Pela ausência de domínio crítico do pensamento teórico que possibilita adequar-se à compreensão da realidade, reduz-se o conteúdo e aplica-se o modismo verbal. Logo, não se dominando a noção de práxis, compreender a prática humana restringe-se a dimensão pratico-utilitária.

No que tange a prática educativa, torna-se uma ação vazia, sem uma significação completa, visando somente a satisfação das necessidades práticas da vida cotidiana, não possibilitando um olhar mais crítico da realidade me que se está inserido.

Ou melhor, o educador passa a ter sua função simplificada, reduzida, pois emite somente o senso comum. Não sendo essa a função real do professor, é mister que este vá para além dos modelos simplistas apresentados em vários projetos pedagógicos. Portanto, a sua função é de emitir conhecimento que ultrapasse a consciências pratico-utilitária, emitir o ensino que busque satisfazer não somente as necessidades imediatas dos indivíduos, mas torna-los eficazes de ampliarem suas perspectivas.

Todavia, para fornecer esse conhecimento teórico, é mister que o professor retire da mesma uma conseqüência prática dedicando ao planejamento afinal, a teoria é parte constitutiva das atividades humanas.

Conforme a autora, práxis é a “atitude material do homem que transforma o mundo natural e social para fazer parte dele, o mundo humano” (SANTOS, p.13). Baseando-se a filosofia marxista, a ação humana e seus produtos correspondem a necessidade humana de se produzir como ser humano que se realiza no cotidiano da vida mas não se transforma imediatamente e diretamente. Dessa maneira, o ser humano tem por desafio, ser “ser humano”.

A educação está condicionada a finalidade humana de constituir-se enquanto ser humano cada vez mais humano. Não é em vão o lema de que caba a educação a formação de homens, e homens cidadãos. Por isso a importância do educador de não se restringir ao conceito reducionista do que é práxis.

A autora destaca, em seu terceiro capítulo, que a prática e a teoria estão interligadas, há em sim uma correlação entre a parte cognitiva e a teleológica. Ambas as dimensões interagem por meio da significação, ou seja, ainda que a teoria não se refira diretamente a uma prática, ela contém a significação da e para a prática.

Diante desta questão, a Educação se apresenta como a forma mais adequada de conscientizar o aprendiz quanto a realizada em que é produzido e produz. Segundo Maria Luisa Santos, a Educação tem por finalidade “tornar possível um maior grau de consciência, ou seja, de conhecimento, compreensão da realidade da qual nós, seres humanos, somos parte e na qual atuamos teórica e praticamente” (SANTOS, p. 29).

Tal transformação de consciências infere na questão subjetiva do ser humano, e tem, por sua vez, reflexos sobre a realidade objetiva. O que há de subjetivo, proposto pela teoria, tem sua ação objetiva, material.

No que se refere a questão da educação escolar, a autora diz que a matéria-prima da atividade educacional é a consciência do aluno, não se atribui a mesma o caráter real, objetivo. Porém, o instrumento básico de ação sobre tal matéria-prima é o conhecimento, nesse caso, o conhecimento científico. Bem como a consciência, o conhecimento não tem caráter objetivo.

Dessa forma, a educação escolar tem como seu produto maior, a consciência transformada e, por sua vez, transformadora do estudante. Transformação essa, que abrange em mudanças na realidade em que o aluno está inserido.

A escola existe, pois, para preparar o aluno a agir e interagir com a sua realidade através do conhecimento sistematizado. Está sobre a responsabilidade do Ensino Escolar, sistematizar esse conhecimento a fim de que o aluno aprenda a lidar com a prática do seu dia-a-dia. Não que a prática em si só não lhe promova o poder da ação, mas nessa ação está implícito o simbolismo teórico do qual precisamos ter acesso.

Destarte, nisso consiste a importância de se investir em uma educação de qualidade e para todo. Educação que não deve se deter ao conhecimento dominador, mas aquele que expande os focos de conhecimento, que aumenta o poder de inclusão e que eleve o educando, e porque não dizer também o educador, a uma condição plena de cidadania.

RIBEIRO. Maria Luisa Santos. Educação Escolar: que prática é essa? Campinas, SP, Autores associados. 2001.

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