segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Autoridade familiar: reflexão e estudo acerca da formação adulta

FÁTIMA DE ALMEIDA LIRA












AUTORIDADE FAMILIAR: REFLEXÃO E ESTUDO ACERCA DA FORMAÇÃO ADULTA








Trabalho apresentado à disciplina “Freud como teórico da modernidade bloqueada”, ministrada pelo profº: Dr, Vladimir Safatle em Setembro de 2010.



















VITÓRIA
2010
I Introdução

O presente trabalho tem por objetivo levantar questões sobre a autoridade paterna utilizando a teoria social freudiana.
Desenvolvimento
Para discutirmos sobre a autoridade paterna, utilizaremos como exemplo a família Garcia, esta é composta por 15 membros dos quais 14 estão sujeitos a autoridade rígida de 1.
Nessa família a autoridade que prevalecia era do pai, a esposa era submissa ao marido a tal ponto que a autoridade da mesma também era transmitida aos filhos, ou seja, os filhos obedeciam sempre, na maioria das vezes por medo e em respeito ao pai. A expressão no olhar dizia tudo, não precisava de palavras, pois já entendiam a mensagem.
Os filhos tiveram uma infância regada de ordens, regras essas que em momento algum poderiam ser contrariadas, por que a palavra final era sempre do chefe da casa.
A mãe no seu papel de submissa, era de certa forma carinhosa com os filhos.
Era a mãe que convivia mais com os filhos, por que o pai por estar sempre trabalhando e colocando o alimento dentro de casa, a comunicação se distanciava, dava as ordens e todos literalmente tinham que cumprir.
Como afirma Freud (1996), o que nos interessa, portanto, é certo o número de proibições ás quais o individuo está sujeito. Tudo é proibido e eles não têm nenhuma idéia por quê e não lhes ocorre levantar a questão. Pelo contrário, submetem-se ás proibições como se fosse coisa natural e estão convencidos de que qualquer violação terá automaticamente a mais severa punição.
Freud (1996, p.40) continua dizendo que “por trás de todas essas proibições parece haver algo como uma teoria de que elas são necessárias porque certas pessoas e coisas estão carregadas de um poder perigoso que pode ser transferido através do contato com elas quase como uma infecção”.
Na adolescência, os costumes eram seguidos com as mesmas normas da infância, o esquema era o mesmo.
Namorar só se fosse para casar, não se prolongava o namoro por muito tempo e sempre tinha alguém por perto na hora de namorar.
No livro Totem e tabu (1996) Freud apresenta seus significados como uma aplicação da psicanálise a “problemas não esclarecido da psicologia dos povos”.
O presente texto mostra Freud afirmando que o pai é sempre aquele que proíbe o incesto, fazendo um paralelo com o estudo de caso, na família Garcia era Inconcebível para o chefe da família tal situação.
Na família Garcia, onde a educação rígida imposta pelo pai marcou a vida e a personalidade dos filhos, onde não se consegue esquecer tais recomendações e repreensões, trouxe consequências que refletem até hoje nas relações sociais.  
No que se refere a relação familiar, no texto Freud como teórico da modernização bloqueada (2010), Vladimir Safatle afirma que a relação à autoridade é sempre investida de alguma força de interesse libidinal, que encontramos isso no nosso comportamento, é um traço que carregamos.
Através da noção de desamparo a qual Freud defende, pode-se entender e trabalhar a diagnóstico social.
Freud diz que o sujeito entra no núcleo familiar buscando uma defesa contra o sofrimento psíquico advindo do sentimento de desamparo.
Para Freud esse desamparo tem o sentido de um afeto que mostra ausência de sentido da existência.
E essa ausência existencial é superada quando esse sujeito se sente amado por figuras de autoridade na família, essas figuras na maioria das vezes são imaginadas como sendo os pais.
Como lembra Safate (2010), para ser reconhecido como sujeito e como objeto de amor no interior da esfera familiar, faz-se necessário que os sujeito se identifique exatamente com aquele que sustenta uma lei repressora em relação às exigências pulsionais. Para ser reconhecido como sujeito, a criança deve abrir mão de certos desejos (como os desejos incestuosos e agressivos) e saber hierarquizar suas pulsões a partir de uma vontade relativamente unitária.
Ela deve aprender a agir como uma autoridade paterna dotada de força de coerção.
Concluindo, hoje pode-se ver na família Garcia, adultos com personalidades diferentes, mas que carregam na vida uma mesma vivência, regada de educação e autoridades rígidas. Estes reproduzem o mesmo comportamento paterno aos seus filhos, outros ao contrário, nem sonham em transmitir para os filhos o legado que sofreu, mas de tudo, quando um dos pais disser alguma coisa ou deu alguma ordem é necessário que seja apoiado pelo seu cônjuge; como no estudo de caso claramente mostrado, se o pai disse uma coisa e a mãe o contrário, então está desmoralizada a autoridade dos pais e a criança acaba fazendo o que quer, aproveitando –se da situação. Pais unidos têm filhos equilibrados e obedientes; pais desunidos têm filhos instáveis e indisciplinados. Como hoje, infelizmente, muitas vezes acontece. Mas fica a pergunta o que Freud diria à luz da psicanálise em relação à família Garcia?
No mundo atual onde o termo autoridade familiar não possui substancial efeito, observa-se que nos tempos remotos, autoridade familiar em especial paterna era sinônimo de respeito extremo, do qual seus reflexos podem ser sentidos na vida social de adultos com dificuldades para relacionamento social. Essa questão está muito desgastada. O tema sofre do uso excessivo e da sua má aplicação. O mau exemplo vem de cima e as bases se rebelam quando são obrigadas a se submeter a códigos de lei e de conduta que as próprias autoridades se incumbem de menosprezar.
Percebemos que até hoje na relação familiar, o pai tem uma influência muito forte sobre os filhos e isso reflete na vida social dos mesmos.


REFERÊNCIAS
FREUD, Sigmund. Totem e tabu. In. Obras psicológicas completas: Edição Standart Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1999. 168p.
SAFATLE, Vladimir. Freud como teórico da modernidade bloqueada. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distãncia, 2010. 52p.

Um comentário:

  1. Fátima, você fez mesmo um estudo de caso com uma família? O nome Garcia é fictício?

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