terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sigmund Freud - ESTUDO SOBRE O INCESTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE

FÁBIO VIEIRA PEREIRA

ESTUDO SOBRE O INCESTO

Trabalho apresentado ao Professor Vladimir Safatle

Orientadora: Profª. Msc. Maria Izabel Devos Martin

Orientador: Profº. Msc. Vitor Cei

"Com o amor, como com a própria vida, é a mesma novela de novo: somente a morte é sem ambigüidade, e a fuga da ambivalência é a tentação de Thânatos." (Zygmunt Bauman)








Sigmund Freud sobre o tabu do incesto, procura abordar as questões sobre a análise da proibição da relação sexual dentro da familiar. A proibição é um fenômeno sócio-cultural de caráter global, Freud tem uma visão que a proibição do incesto está ligada aos aspectos sociais, mas também deparamos com os desejos inconscientes que o próprio sujeito rejeita.

O que Freud afirma (1996) é o tanto de proibições que o individuo está submetido. Muitos fatos são proibidos e sendo a sociedade superior ao sujeito, não sabendo ele por que motivo é proibido. Pelo contrário, submetem-se ás proibições como se fosse coisa natural e estão convencidos de que qualquer violação terá automaticamente a mais severa punição.

Weber analisa as normas e regras sociais como resultados do conjunto de ações individuais, e os agentes escolhem o tempo todo, diferentes formas de conduta. Essa ação tem caráter racional.

Assim para Freud o que caracteriza nossas ações é o inconsciente, os indivíduos possuem uma estrutura psicológica semelhante aos primitivos, desta forma o homem se faz sociedade e constrói o contexto histórico da humanidade.

A sociedade impõe algumas normas aos indivíduos, e esses procuram cumpri-las de muitas formas, coesão e medo. Neste contexto o individuo se prepara para cumprir-las e depara com essas regras que podem ser internas e externas, nessa hipótese os indivíduos passam a integrar regras ao seu sistema interno psicológico individual.

Como diz Max Weber à sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais, que o indivíduo faz orientando-se pela ação de outros. Podendo ser ação carismática, afeto e racional.

A proibição do incesto é absolutamente racional porque nela assenta a ordem da família, e portanto, da sociedade, ação racional com relação a valores devido ao fato de ser determinada pela crença consciente num valor considerado importante e ação racional com relação a fins, determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários.

Citando Safatle (2010, p. 37)

“Freud acaba por nos dizer que os sujeitos modernos agem como quem vê instituições e figuras reconhecidas de autoridade como instauradora e responsável por uma distribuição desigual das possibilidades de satisfação subjetiva.”

O Tabu na sociedade tem como objetivo o controle social, regulando a ética social, criando mecanismos de ordem psíquica, sexual, barreiras controladoras para bloquear os impulsos que condicionam o individuo.

Freud relaciona as proibições impostas a sociedade com os impulsos proibidos, e controlados, as civilizações primitivas se defendem da anomia(ausência de regras), negando os pensamentos e sentimentos criando auto-controles compensadores, e conseqüentemente a renúncia a uma posse ou liberdade entendida para Freud como repressão, que é considerado o objetivo do tabu. Estamos sempre entre a cruz e a espada, a repressão e a rebelião, a lei e o impulso em fim todos querem realizar os desejos reprimidos, mas são proibidos perante a civilização e também não podemos desconsiderar o desejo individuo almejar o poder.

Em Psicologia das Massas e Análise do Eu, Freud analisa as conseqüências dessas políticas para o individuo em conseqüência de uma relação do individuo com uma integração dos processos sociais onde procuram se socializar, sempre considerando o princípio único e soberano de poder.

Na teoria das massas as instituições Igreja e o Exercito são consideradas para Freud instituições onde os indivíduos interiorizam um mesmo pensamento. Na Igreja os irmãos seguem ao pastor e no Exercito os subalternos, visão hierárquica seguem um comando, enfim são seguidores de lideres. Pois a instituição encontra-se funcionalmente integrada na vida grupal, pela origem e pela estrutura. Os grupos estáveis sentem necessidade de controle para promover coesão interna. Estrutura-se a instituição para regular a distribuição de bens sociais – atendimento das necessidades grupais e/ou individuais.





Nas palavras de Freud:

“A massa seria uma reviviscência da horda originária. Da mesma forma que o homem das origens preservou-se virtualmente em cada indivíduo isolado, a horda originaria pode ser novamente produzida a partir de qualquer agregado humano”(FREUD, Massenpschologie und Ichanalse, p137)

O líder é o centro das atenções buscando ordenar as vidas dos indivíduos. Mas ocorrendo uma desagregação social pode levar a massa a reordenar novos lideres. Essa manifestação fortalece o sentido da autoridade. Nessa relação de autoridade é cheia de amor e ódio, mas nessa neurose essa relação pode causar sintomas, inibições e angustias o que não surgem em situações normais.

Desta forma a proibição do incesto é mundial, em todas as sociedades existe alguma norma que proibi o casamento entre pessoas de um determinado grau de parentesco. A proibição do incesto serve para proteger a espécie humana das conseqüências genéticas nefastas do casamento entre parentes próximos.

Seguindo essa idéia, Durkheim afirma que os fatos sociais, são justamente essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade. Esses fatos sociais têm duas características básicas que permitirão sua identificação na realidade: são exteriores e coercitivos.

Exteriores, porque consistem em idéias, normas ou regras de conduta que não são criadas isoladamente pelos indivíduos, mas foram criadas pela coletividade e já existem fora dos indivíduos quando eles nascem. Coercitivos, porque idéias, normas e regras devem ser seguidas pelos membros da sociedade. Se isso não acontece, se alguém desobedece a elas, é punido, de alguma maneira, pelo resto do grupo.

O fato social é quando em determinado momento sentimos os desejos inconscientes como impulsos conscientes. A partir daí podemos considerar um comportamento disfuncional em relação ao grupo onde ocorre. Tal conceito é desprovido de conotações valorativas: as normas dos diferentes grupos constitutivos de uma sociedade mais ampla pode encontrar-se em oposição.

Por exemplo, o comportamento considerado funcional, em conformidade com as normas, num determinado grupo, quando analisado em relação às normas de outro subgrupo ou da sociedade maior, será considerado desviado ou disfuncional. Essas considerações indicam que nem todo desvio é nocivo para os componentes do grupo. A norma, regra é um padrão estabelecido daquilo que deveria existir dentro de uma cultura determinada. As normas podem assumir uma das quatro seguintes formar: valores, costumes, preceitos e leis.

Enfim para compreender o totem tabu de Freud, podemos considerar que realizou um estudo sobre a proibição ao incesto ele analisou a Psicologia dos Povos Primitivos, e também fez uma interligação entre Cultura e Psicanálise. Para Freud as proibições apresentam uma neurose devido ao conflito entre proibição/tendência.

Existe assim uma inibição à tendência que na neurose se processa no inconsciente. E a tendência insatisfeita permanece inconsciente, como desejo oculto insatisfeito. Não pode haver sociedade sem ordem. Nas sociedades primitivas onde se originam os estudos de Freud, não há leis escritas, esses costumes vitais, ou morais, regulam toda a existência humana e dão estabilidade e continuidade à ordem. Através dos tempos e pela continuada repetição se tornam a segunda natureza do indivíduo.

Assim nas sociedades onde existe o elevado grau civilizatório encontramos indivíduos que praticam o incesto, essa quebra de tabu concretiza e caracteriza a teoria Frediana onde os desejos proibidos que estão no inconscientes se tornam impulsos conscientes, se tornam realidade mesmo com o conhecimento da proibição mas sabemos que todos nós que existe na consciência a consciência social - o senso de que o indivíduo pertence ao grupo e lhe deve lealdade e consideração. E a moralidade é cooperação da parte com o todo, e de cada grupo com um grupo maior. Sem isso a civilização se torna impossível.







REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORNO, Theodor & Horkheimer, Max - Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos, R.J., Jorge Zahar ed., 1985.

BOUDON, Raymond. Tratado de Sociologia. R. J. Jorge Zahar ed. 1995

COHEN, C. O incesto um desejo. São Paulo, Casa do Psicólogo, 1993.

FREUD, Sigmund. (1913) Totem e Tabu. In: FREUD, S. Obras psicológicas completas. R. J., Imago, 1980. v. 7.

FREUD, Sigmund. Psicologia das Massas e Análise do Eu. Rio de Janeiro: Ed. Imago, 1977.

GELEFFI, Dante Augusto. Filosofar & Educar. Bahia, Quarteto Editora, Ed. 1. 2003

LAPLANCHE, Jean. Vocabulário de psicanálise/ 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

SAFATLE, Vladimir. Freud como teórico da modernidade bloqueada, Vitória – ES: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2010

http://fundamentosfreud.vilabol.uol.com.br/biografia.html

http://www.suapesquisa.com/biografias/freud.htm

2 comentários:

  1. Fábio, falta revisar as referências, porque você lista livros que não são citados e cita autores que não estão na bibliografia.

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